Ensaio de Pandora
- Forças-me a dizer que te amo, quando já nem te quero mais.
- E acreditas que haverá outro que te amarás mais do que eu te amo?
- E se acreditasse? O que em ti mudarias?
- Não sou eu quem tenho que mudar...
- Já nem sei mais quem tem que mudar....
- Vês como és louca?! Já não cabes em ti. És como bolha de sabão que estoura com um sopro.
- E ainda me criticas? Não vês em que me transformastes?
- Não sou eu que te transformo. És tu que não te aceitas.
- E como me aceitar. Louca como sou? Excluída e marginalizada socialmente. Queres que me torne um monstro?
- Monstro tu já es. Transforme-te em algo que faça algum sentido.
- Pois é isso que já não tenho mais. Sentido é o que já não vejo mais para minha vida.
- Foi-se a poesia....
- Como assim?
- Não poderia dizer que não vê sentido na vida. É muito clichê!
- Agora me acusa?! O erro não é sempre meu...
- Para mim basta. É suficiente. Não está para mim ser clichê.
- .... ??? !!!
- Mais clichê que isso não existe. Silenciar como resposta a uma ofensiva já está tão batido que se tornou clara em neve, ma cherry.
- Pois bem. Vá e faça o que bem entender. Diretor de teatro com formação em... Curso técnico de Auxiliar de Gourmet. Agradeço-te por mais este ensinamento.
- Essa foi péssima. Mas, ao menos saiu do clichê. É assim que uma boa aluna formada em Letras e especializada em teatro brasileiro contemporâneo age.