"" JOGATINAS, VICIOS, PAIXÕES..""

"" JOGATINAS, VICIOS, PAIXÕES..''''

Durvalina sempre foi bonita. Aos dezoitos estava ''completa'' para a vida, e Gerson quando a viu dançando pela primeira vez no Gremio Paulista com aquele vestido curto, vermelho, e aquela pele morena ja' foi se ''achegando'' metendo a labia na morena fogosa e dai para a engravidar foram apenas dois meses.Casaram e nem lua-de-mel tiveram e dois meses depois ja' estavam eram na ''lua-de-fel'', amarga que nem a vida so' ela mesma, e no dia que o filho nasceu foi o irmão dela que a levou para o hospital.

Gerson estava no ''vicio mardito'', jogando baralho, no carteado que havia nos fundos do Gremio Paulista, perdição de muitos por la', tinha ''nego'' por la' perdendo tudo no carteado, e Gerson era um deles.

Era trabalhador, ganhava seu dinheiro como confeiteiro na melhor padaria da cidade, ganhava bem por sinal, mas, mas o carteado levava quase tudo, 'as vezes ganhava e pagava rodadas e rodadas para os amigos la' do clube, chegava em casa com ''merrecas'' e Durvalina, mulata ainda bonita nos seus trinta, com quatro filhos para criar se virava lavando roupas, fazendo faxinas, limpando quintais e jardins, fazia o que podia para uns trocados ganhar...tinha tido ofertas de ''patrões desavergonhados, sendo casados e tarados'' tinham coragem de semvergonhices 'a ela propor?...ela fugia disto como o diabo da cruz.

Um tarde de verão voltava para casa cansada, vinha pela estrava velha do Fundão da Gruta, estrada de terra batida e o sol ainda quente e ela com sede e vendo estrelas de dia, o calor fazia com que ela enxergasse ondas de luz, e parecia agua ao longe e quanto mais ela andava, mais sede sentia, mas sabia que mais um pouco, na curva estaria o rio, o regato que mataria sua sede e ao dobrar a curva viu uma arvore grande que nunca tinha visto por ali...uma sombra gostosa e havia um homem sentado em baixo da arvore, ela mudou de lado na estrada, ficou com medo de tudo isto e foi passando e de rabo de olho viu que ele era ainda moço e bonito, o danado...e ouviu seu nome ser chamado....

Durvalina...oi Durvalina...quer agua?

Sentiu sua boca seca de sede e respondeu que sim, ele fez sinal para que ela se aproximasse, e lhe oferecia o cantil...ela bebeu, avida, bebia aquela agua gostosa, geladinha, boa, deliciosa agua e se sentiu aliviada...ele sorria, um sorriso lindo, e ele era mais lindo ainda..o mais bonito moreno que ela ja` tinha seus olhos colocado...e os olhos dele eram verdes, pareciam duas pedras verdes e ele foi puxando prosa ela respondendo e perguntando tambem ....

Como voce sabia meu nome?.. se eu não o conheco, nunca te vi...me conheces?

Sim, conheco e muito, sei tudo de voce, voce vive me chamando, me pedindo para te ajudar , que se eu te ajudar voce me dara` algo em troca que eu vou gostar...verdade?

Durvalina olhou horrorizada para ele, tentou correr, suas pernas não lhe obedeceram, ficaram grudadas no chão, ela vermelha de vergonha, cabeça baixa respondia apenas com acenos de cabeça...sim...sim e ela soube na hora quem ele era...teve medo!!

Não precisa ficar assim, com medo e envergonhada de mim...afinal somos amigos de longa data, lembra-se? as velas nas encruzas, as oferendas que a mãe de santo mandou trazer, os pedidos e agora estou aqui...peça-me o que quiser e me faça sua oferta...se eu gostar da oferta lhe atendo o pedido na hora...vamos la', fale que eu escuto...e ela falou, falou e ele escutou tudo em silencio...ela se foi, seguiu sem olhar para tras e escutou o barulho do rio, da agua do regato correndo, olhou para tras...a arvore e tudo o mais tinha sumido...ela correu beber aguar do regato, agua boa, fresca, deliciosa agua...

Dois dias depois Gersol chegava em casa com uma novidade, o patrão tinha-lhe oferecido o horario da noite, ganharia mais, o dobro, faria menos bolos e mais, muito mais pão e com isto teria menos hora e mais salario, ele tinha aceito e estava diferente, notou Durvalina, parecia mais contente, mais alegre e assim foi, Gerson ia para a padaria as dez da noite e voltava depois das cinco, parecia menos cansado e dormia ate' duas, treis da tarde e tinha arrumado um bico em outra padaria perto de casa das cinco 'as nove em dias alternados e com fins de semana livre na primeira padaria trabalhava na nova nos fins de semanas e feriados, era outro marido, outro pai...o dinheiro agora rendia e Durvalina trabalhava menos, muito menos, se cuidava agora, parecia que tinha remoçado, parecia que tinha vinte em vez de trinta...e assim foram se passando os meses.

E Durvalina agora, apesar de trabalhar menos, parecia sempre cansada, quando Gerson chevaga da padaria la' pelas cinco da matina e queria com ela fazer amor , ela estava sempre cansada, esgotada, fazia, e ela parecia uma boneca, uma morta viva, ele reclamava isto para ela, ela nem ouvia, dormia, se virava de lado e dormia, roncava.

E Durvalina ficou gravida. Nasceu um menino com lindos olhos verdes e depois de nove meses outro menino de olhos iguais, verdes, e ninguem nunca soube explicar de onde vinham aqueles olhos verdes cor da mata fechada e os dois, a mãe e o ''pai'', sendo mulatos...de onde?

Durvalina sabia. Sempre na calada da noite um vulto no seu quarto aparecia, uma escuridão total e apenas duas luzes, verdes, se enxergava..eram como olhos de gato, de lince, procurando algo na escuridão, e quando achava o que procurava, ao lado dela deitava, ela grunhia, arranhava, batia, gemia, ...ele respirava fundo e fundo ia e tambem gemia, gemia e quando o dia vinha se aproximando ele a deixava, nua em cima da cama largada, cansada, derreada...mas querendo que a proxima noite chegasse logo...sempre chegava!!!

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conto baseado em uma lenda que corre ainda em minha cidade, uma lenda acontecida em um bairro da periferia da cidade, bairro que hoje cresceu, mas os lugares ainda existem, quem quiser pode ir ate' la' e perguntar e vai ser facil achar e saber...tem muita gente com olhos verdes por la'.....cruz credo!!!

WILLIAM ROBERTO CUNHA
Enviado por WILLIAM ROBERTO CUNHA em 02/04/2011
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T2886207