As Janelas do Despertar
Sentado em seu escritório, em frente ao seu computador, um jovem escritor olha para a tela em branco do monitor. As idéias não vêm. As duas janelas em frente revelam a escuridão das 2 da manhã. Suas costas e pernas já doíam ante a imobilidade.
De repente lhe veio o desejo de ter o poder de fazerem rolar os acontecimentos nas janelas.
- Há se elas pudessem refletir os meus pensamentos futuros! Como se fossem telas... Eu os escreveria e daria consistência literária às imagens. Pensara. Voltou a olhar para o vídeo por mais algum tempo. De repente, começou a perceber reflexos de luzes, no início suaves, projetando-se sobre a mesa. Ele, num flash, pensou tratar-se de um carro cujos faróis refletiam no ambiente. Como os reflexos permaneciam e também modulavam, ele olhou para as janelas e viu... Uma das vias do centro exibidas nas janelas... Como num filme... Era dia... Olhou para o relógio... Ainda marcava 02:27h. Não acreditando conferiu com o relógio do computador que confirmava a hora. A luz do “dia” era tão forte que lhe fez contrair as pupilas! Será que o seu desejo... Não poderia haver dúvidas...
O vai-vem de pessoas... O trânsito...
Por mais surpreso e até com medo que estivesse, decidiu começar a escrever sua experiência.
Nessas imagens, uma senhora que lembrava sua irmã, porém muito mais velha, (sua irmã só tinha 15 anos), caminhava pela calçada, entrou numa alameda arborizada e chegou a um prédio que lhe parecia familiar. Falou com a recepcionista, penetrou em um corredor, abriu a porta de uma das salas e entrou. Tal como os acontecimentos iam transcorrendo nas janelas de sua sala como telas de cinema que se completavam, ele ia descrevendo no seu texto.
Num “corte de cena” apareceram rostos de pessoas lhe olhando do alto como quem olha a quem estava deitado.
Nosso escritor olhou para um lado e outro. Seu ambiente havia desaparecido.
A senhora que houvera visto caminhado estava também ao seu lado rindo e chorando.
- Meu Deus! É um milagre! Meu irmão saiu do coma!
- Foram 19 anos de espera!