'' O ANEL ...desejos, anseios, misterios ''

Elza trabalhava na lanchonete daquele posto de gasolina de beira de estrada de interior, posto sujo caindo aos pedaços, e seu horario de trabalho era das cinco da tarde ate' uma da manhã, mas saia sempre por volta das duas, depois que fechava tinha que limpar tudo para que quando abrissem 'as sete da manhã tudo estivesse limpo e brilhando, como se tudo ficasse brilhando e limpo naquela especulanca!!! fazia o melhor que podia e ia embora.

Sempre de carona com algum fregues que por ali estivesse ou então na carona do gerente, do dono, ou de algum funcionario do posto. Elza era a unica mulher que por la' trabalhava, morava longe mas para vir trabalhar havia um onibus que passava em frente, para voltar era outra coisa...mas sempre se dava um jeito.Elza trabalhava na cozinha, lanchonete, servia, tirava e punha mesas, so' nas segundas-feiras folgava. Elza estava ja' com trinta e seis, era solteira, nunca tinha se casado, queria e muito, vivia fazendo promessas para tudo que era santo, tinha muito ido a pais de santos, benzedeiras, tinha feito muitas simpatias e ate' agora nada e um dia apareceu no restaurante uma mulher, vinha de carona com um caminhoneiro, e esta mulher lhe ensinou algo que era tiro e queda para ''casar''...uma simpatia da hora!!!...Elza fez.

Foi ao cemiterio da pequena cidade e levando tudo o que a mulher lhe tinha ensinado, colocou em um tumulo bem abandonado, rezou e esperou, esperou que a lua cheia estivesse alta naquela segunda-feira em que ela estava de folga, estava so' no cemiterio, sentiu calafrios, arrepios mas continuava firme...a escuridão era total, apenas ali as velas iluminavam um pouco e ela escutou um estalido e depois barulhos de passos e viu um vulto vindo em sua direção...esperou com o coração aos pulos e viu quando o vulto chegou mais perto, uma mulher linda, bem vestida, de vermelho, flores vermelhas nos cabelos, na cintura e nas mãos...nuvens sairam de frente da lua cheia, o luar agora batia cheio por ali, e ficaram se olhando , Elza foi a primeira a falar....

Vim te oferecer presentes, queres receber todos eles?

E uma voz baixa, gostosa, calma, respondendo...

Sim, mas vou escolher o que quero, e dando a volta ao tumulho chegou bem perto de Elza que sentiu um perfume de flores, de rosas, gostoso perfume e a outra escolhendo, escolhendo e escolheu tudo...recolheu em uma bolsa que trazia e perguntou:-

O que queres de mim?

Quero que me envie um homem para comigo casar, que me ame de verdade e eu o ame tambem, que fiquemos juntos ate' que a morte nos separe, que tenhamos filhos, netos e gerações e gerações apos nossa partida, e' isto que quero...e' isto que necessito...um homem, um amor, uma familia, quero sair deste emprego baixo e ridiculo em que estou....quero uma vida melhor...

A outra a ouviu, procurou algo no bolso da roupa, tirou uma pequena caixa e entregou para Elza...

Elza abriu e dentro viu um anel lindo de ouro branco com uma pedra azul..olhou para a outra que agora dizia:-

Em troca de seus presentes lhe dou este anel, use-o a partir de agora, ninguem notara' que voce estara' usando ate' o dia que o homem que lhe e' destinado notara' e lhe dira' isto e e' com este homem que voce devera' casar, tem que confiar nisto , nem tente dizer um não definitivo para ele, voce tera' tres chances de dizer sim, se na terceira voce disser não fica quebrado nosso trato, o anel desaparecera' de seu dedo, voltara' para mim e nunca mais voce podera' de novo 'a mim nada pedir...entretanto se voce aceitar durante dez anos sua vida ira' cada vez melhor e no dia seguinte dos dez anos voce tera' uma escolha a fazer...venha aqui neste mesmo lugar naquele dia , eu estarei aqui te esperando, venha so' e eu lhe direi a escolha...e voce decidira', .....foi andando devagar sem olhar para tras, sumiu.

Elza saiu do cemiterio e foi para casa. No dedo levava o anel e durante uma semana o usou e ninguem, mas ninguem mesmo notou, nem as poucas mulheres que passavam pelo posto e com ela conversavam notavam e apos duas semanas, uma segunda-feira dia de sua folga foi 'a feira livre, estava na banca de peixes comprando quando o ajudante da banca ficou olhando para ela, ela o conhecia, era um senhor ja', deveria ter quarenta anos e poucos, nunca haviam sequer dito bom dia um ao outro e ela olhou firme para ele, ele sorriu, ela sorriu, pagou e saiu e sentiu alguem pegando em seu braço, era o ajudante da banca de peixe..parou, ele soltou seu braço e seu nome perguntou, ela respondeu...

Elza

Prazer Elza, meu nome e' Antonio

Prazer Antonio, esqueci de pagar ou esqueci o peixe po la'?

Nada disto, gostaria de conversar com voce e bla bla bla...Elza tudo ouvia sem pouco interesse ate` que ele dizendo....

Bonito anel este que voce esta' usando...e' casada? noiva?...e Elza pasma, parada...sem fala.

Não, nem casada nem noiva

E a noite ele foi 'a casa dela, ficaram ate' tarde conversando e assim foram os dias seguintes e na segunda semana ele a pedindo em casamento, ela negou, pediu tempo, ele entendeu e duas semanas depois pediu de novo, ela se lembrou da noite no cemiterio...aceitou!!!

E Elza casou, não era o principe encantado que ela esperava, fedia peixe, e por mais limão que ela colocava na casa o cheiro aumentava, eram roupas dele, muitas roupas, que ela jogava fora, seu corpo fedia peixe, mas mesmo assim ela engravidou e na primeira vez teve um menino, e na segunda uma menina e quando fazia cinco anos de casamento eles ja' eram donos do antigo posto de gasolina, reformaram e o posto era ponto de referencia por excelencia de serviços prestados, o restaurante, a lanchonete eram de primeira, vendi-se de tudo um pouco por la', era enorme o posto, limpo e bem tratado....Elza ja' tinha viajado muito, boas roupas, boa casa, carro, produtos caros, crianças em bons colegios...vida farta.

E o dia do dez anos chegou e ela sabia que no dia seguinte teria que ir ate' o cemiterio, se encontrar com a outra e ouvir dela a escolha....e a noite chegou, foi.

A lua cheia estava alta e iluminava tudo, Elza sentou e esperou e viu um vulto chegando...uma voz lhe dizendo que ela estava na hora e Elza viu a outra, não havia mudado nada, mesmas roupas, mesmas flores e foi dizendo:- ...o dia da escolha chegou e esta escolha de hoje valera' por mais dez anos...e lhe dou varias escolhas, uma delas voce tera' que escolher para o anel continuar sendo seu....eis as escolhas....

Para que o anel fique seu, me entregue seu marido

Para que o anel fique seu, me entregue um de seus filhos

Para que o anel fique seu, me entregue voce mesma

Para que o anel fique seu, me entregue todo o seu patrimonio, seu dinheiro

Qual escolhe? e lembre-se...dentro de dez anos voce devera' voltar aqui e fazer nova escolha e serão apenas as outras treis...voce tera' que escolher agora, ja'.

Elza escolheu seu patrimonio, seu dinheiro, sua fortuna material.

E durante dias nada aconteceu ate' que de repente coisas iam mal, contas, debitos, bancos no vermelho e entrou em falencia, perdeu tudo, voltou a morar de aluguel, Antonio voltou para a feira e ela trabalhando em um pequeno bar de periferia agora, crianças nas escolas publicas...e assim foi durante cinco anos e depois disto de novo prosperou e dez anos chegou....ela foi ao cemiterio e lembrou-se fazia ja' vinte anos desde a primeira vez e agora ela ja' estava com sessenta anos...pensou, pensou, filhos criados, Antonio com saude, um bom patrimonio....escolheu!!!

Escolheu a si mesma. Foi levada na hora.

Coveiros que na manhã seguinte faziam serviços por ali no cemiterio encontraram aquela mulher caida no meio dos tumulos, morta, e a causa da morte foi '' ataque fulminante do coração''....foi enterrada no dia seguinte ali por perto de onde tinha morrido....

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Eliza, moca pobre, mas bonita, solteira aos trinta e cinco e louca para casar, ter seu marido, familia.

Eliza trabalhava em uma boate espelunca de beira de estrada e um dia apareceu por la' uma mulher, conversaram muito e a mulher lhe ensinando como arranjar, arrumar, um marido e ela ouvindo ,e no dia seguinte comprou tudo e levou no cemiterio, a lua cheia iluminava, ela viu uma mulher linda vestida de vermelho vindo, flores nos cabelos ,na cintura....e tudo de novo começou!!!

A Roda da Vida não para...gira, gira, sem parar.

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WILLIAM ROBERTO CUNHA
Enviado por WILLIAM ROBERTO CUNHA em 28/03/2011
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