Os pés do Miguel




                                             Todos nós gostamos de estórias. Possivelmente este gosto seja um atavismo e deve ter sido uma necessidade premente do homem, desde a noite dos tempos, quando vivia nas cavernas.
                                             Lutando o tempo todo com animais de toda a espécie e armadilhas da natureza, a informação sempre foi importante, mesmo naqueles longínquos dias. Acontecimentos infelizes, então, eram um “prato cheio”, pois eram lições a serem aprendidas, evitando-se a repetição dos erros.
                                            A estória que vou contar é real e bem pode servir para alguém nos dias de hoje, que poderá imitar o Miguel, usando da mesma estratégia .                                            Afinal, a história se repete...
                                           Miguel, com seus 19 anos, era um rapagão forte e simpático, embora não fosse propriamente bonito. No entanto, com sua simpatia, arranjava facilmente namoradas, embora tivesse o seu “calcanhar de Aquiles”. Sofria de uma terrível alergia nos pés. Em razão dessa alergia, que não curava nunca, seus pés ficavam em carne viva e o aspecto era muito feio. Dava até uma certa repulsa ver aqueles pés com imensas feridas.
                                         Só os amigos mais íntimos conheciam esse problema. E era um problemão: basta lembrar que, na idade dele, uma simples espinha no rosto, na véspera de uma festa, era uma tremenda tragédia grega. O nosso Miguel, sofredor, acabava perdendo as namoradas, ao ser convidado para ir a uma praia ou a uma piscina. Nosso querido amigo vivia sobressaltado.
                                        Como sempre tem uma primeira vez, perdidamente apaixonado por uma linda moça, certa ocasião, aceitou o convite para tomar banho numa piscina.
                                        Ele mesmo contou o estratagema utilizado. Um novo truque?
                                       - Como foi, Miguel, criou coragem e disse à moça do seu problema nos pés?
                                      - Não, não tive coragem de revelar a minha alergia.
                                      - Mas, então, fugiu mais uma vez?
                                      - Nada disso, amigo, desta vez o amor falou mais alto e compareci à piscina, mas com pés de pato!!!