GAROTA ROMÂNTICA

Eu olhava pela minha janela procurando flores, mas os pingos de chuva me diziam que estava inverno. A primavera sempre fora a minha estação predileta. Sempre sonhei em viajar, mas nunca saí dessa cidade de apenas duas estações. Nem sei por que gosto tanto da primavera, acho que por ver na televisão os campos cobertos de flores balançadas pelo vento. Ouvi falar que nesta época do ano o clima é ameno.

Meu desejo era ver de perto as árvores ficarem “peladas”, e acompanhar o verde das folhas, virarem um tom misto de laranja e vermelho, ou pegar neve nas mãos e lamber para ver se lembra, ou não, algodão. Fazer bonecos e colocar botões para os olhos, uma cenoura para o nariz e um cachecol quentinho em volta do seu pescoço gelado.

Nunca balancei em um navio sobre as ondas do mar. Não sei por que sou apaixonada por histórias de piratas, mas chego a sentir cheiro de maresia, só de ler essas tais histórias.Minha imaginação vê garrafas de rum serem viradas de um só gole, por homens mal-vestidos e de dentes amarelados, que limpam o convés de um navio centenário, carregado de ouro de saques de outros navios. Vejo um capitão barbado, com um grande chapéu de pena, e uma pistola de pólvora colada à cintura, ordenar aos berros que seus marujos icem as velas, e virem a estibordo para aproveitar os bons ventos.

Ventos estes que os levem para o fim do mundo, onde há lugares selvagens cheios de monstros, sereias, ogros, orcs, goblins, duendes, feiticeiros, gigantes, dríades, hobbits, dragões, trolls e figuras desconhecidas e não catalogadas.

Talvez eu seja uma sonhadora irremediável, uma romântica maluca que ainda acredita em príncipes encantados montados em cavalos brancos que salvam princesas de torres e bruxas, e podem ressucitá-las do sono da morte com um doce beijo apaixonado.

Mas, deixemos de sonhos e voltemos à realidade.