O VALOR REAL DE TODAS AS COISAS

Reza a lenda que um rico mercador de jóias pilotava seu bi-motor quando uma tempestade de areia o obriga a uma aterrissagem forçada nas dunas do deserto. Ele sobrevive. Se arrasta pela areia quente carregando uma pasta preta, agora marrom. Carregava o tesouro já por dois dias. A sede o consumia de tal forma que esquecera a fome. Miraculosamente, avista, de repente, alguém sobre um cavalo ao longe a aproximar-se.

Olhando de cima, pergunta:

_ Queres este cantil cheio d’água? Sorriso estampado.

_ Sim, é tudo o que eu quero nessa vida, pelo amor de Deus! (com a mão direita protegia os olhos da intensa luz do sol)

_ O que tens na maleta?

_ Está cheia de rubis, pérolas, diamantes e esmeraldas. Toma e me dá o cantil!

_Contente da vida, o oportunista aceita a proposta de pronto, diz que dará um jeito de enviar socorro àquele “infeliz” e dispara num galope veloz, gritando alucinadamente, levantando poeira, dando um tiro de espingarda ao alto, rumo do horizonte.

Foi a melhor troca que já fez. A partir daquele momento passou a dar o valor certo para cada momento singular do seu cotidiano, momentos únicos que na verdade compunham seu corpo, sua alma, sua história, em sua eterna busca, sempre agora, pela água viva da aventura e do prazer de se estar vivo.