A folha
Ela estava sentada debaixo de uma árvore, em um dia nublado, fim de tarde, o sol nem chegou a aparecer, mas ela continuava ali, sentada, com olhar tão distante, a grama estava macia, parecia veludo, e aquela quinta-feira foi embora como todas as tardes tristes se vão ao anoitecer.
Foi quando uma folha de papel vinha em sua direção, o vento a trazia, parecia ter algo escrito a mão nela, uma folha de caderno de algum estudante, ou quem sabe uma carta de amor ou talvez, até uma daquelas correntes espirituais, quem sabe, a curiosidade de Paula falou mais alto, e ela foi ao encontro daquela modesta anotação que sobrevoava aos arredores. Agarrou-a com a mão direita enquanto ainda era levada pelos ventos, e quis saber o que estava escrito ali, fixou seu olhar na carta, que em uma frase dizia:
"- O cão passou a acreditar que ainda havia carne naquele osso, morreu acreditando."
E não se sabe a razão, mas daquele momento em diante, Paula levantou-se e saiu com um sorriso no rosto.