Loucura


Ele a viu chegando lentamente, tirando e jogando alternadamente, todas as peças de roupa no sofá.

Nevava lá fora e o número infinito de blusas e acessórios se avolumava, formando uma pequena montanha de roupas.

Quando ela concluiu seu número, deitou-se como veio ao mundo e o ficou olhando de longe, com um olhar apaixonado no rosto.

Ele nada fez, hipnotizado que estava se mantinha impassível, somente a observando a distância, percorrendo com os olhos cada centímetro daquela paisagem linda que ela fazia questão de expor sem pudor.

Quando sentiu que ela começava a ficar desesperada, tal a ansiedade declarada que parecia sair por cada um dos seus poros, começou a se aproximar sem pressa, apreciando as reações que se alternavam na sua linda face, ora de desejo, quando ele se aproxima, ora de angústia quando ele resolvia parar novamente e iniciar um novo ciclo de admiração, num jogo alucinante que a paixão lhes proporcionava.

Ajoelhou-se enfim ao seu lado no sofá e por uma última vez passeou com o olhar por seu corpo. Colocou seu rosto sobre o dela, com os lábios faltando milímetros para se tocarem.

Sua respiração estava acelerada, mas conseguiu dizer “Por que?

Aparentemente sua indagação era a chave para quebrar tamanho encanto, pois ela começou a desaparecer lentamente.

Ele pensou ter ouvido um “Eu ti amo” fraco saindo de sua boca, de uma boca que não mais existia, preso a um corpo que um dia tocou e amou...

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Texto escrito para o desafio do blog Fábrica das Letras!

joefatherbr.blogspot.com

Grande abraço para todos!

JGCosta
Enviado por JGCosta em 12/02/2011
Código do texto: T2787316