O ÍNCUBO FÉRTIL
O ÍNCUBO FÉRTIL
Há quase quarenta anos que era sabido que não mais nasciam crianças, naquele reino. A causa detectada recentemente, também era do conhecimento de todos. A infertilidade masculina. Acrescida da inutilidade dos espermas guardados em incubadoras e outras que tais, onde quer que estivessem armazenados, para a segurança nacional.
Mas o pior na visão feminina, era a impotência masculina, generalizada; com cem por cento de ineficácia. Gerando uma insatisfação também de cem por cento nas coroas; e, outras fêmeas e hermafroditas.
Muito antes da ciência detectar os dois problemas: o não nascimento e a impotência, as fêmeas já louvavam o primeiro e reclamavam do segundo item. Porém com o correr do tempo viram que se conseguissem um apoio do governo, na geração de filhos; era certeza absoluta que os prazeres advindos do vigor renovado seriam compensadores.
Para tanto solicitaram uma assembléia com os governantes; e, alguns dos “machos” interessados nos dois problemas comuns a todos.
Como toda reunião, onde têm políticos e porcos, há bagunça, aquela não diferia nada de muitas outras acontecidas. Muitos falavam ao mesmo tempo, muitos ponderavam de seis, outros falavam de meia dúzia; e, por incrível que pareça tanto uns como outros defendiam seis e meia dúzia, seguidamente, ou alternadamente, dependendo da imaginada vantagem a ser alcançada.
Razoabilidade não é uma virtude apresentada por leigos, quando se debate técnicas específicas, onde uns poucos as conhecem. Assim a balbúrdia continuava. E continuaria se o alvo daquelas discussões não irrompesse naquele recinto apinhado de ignorantes do assunto tratado.
O autômato que irrompeu perante a assembléia era um macho-humano, que estava internado numa UTI, há mais ou menos meio século, em função de um esgotamento sexual, diagnosticado pela flacidez dos membros, incluso o pêncil, na época.
Os neurologistas, proctologista, urologistas e correlatos, apostavam na sua imunidade no tocante à impotência adquirida, visto que o “corpo sarado” estava isolado em recipientes apropriados para guarda de organismo para a vida eterna.
No que o dito cujo (ÍNCUBO) adentrou ao recinto, as (SÚCUBAS) acudiram-no com enlevo e esmero exagerados, causando até constrangimento no ser objeto; e, nos abjetos. Mas como era de importância preservá-lo em bom estado recuaram, deixando aos homens da ciência a confirmação de que ele estava fértil; para elas de pouca serventia neste quesito, no momento. E imediatamente elas poderiam aferir in loco a potência justa e necessária para perpetuar a espécie.
(janeiro/2011)