O grande mico
Valmir, a esposa Lígia e sua cunhada Irene entraram no carro com destino à igreja. Participariam duma cerimônia de casamento. Durante o trajeto ele perguntou à mulher sobre o local do evento.
- Mulher onde fica a Igreja?
- No bairro do Stiep, onde Camila se casou. – Respondeu Lígia.
- Dê-me então o convite para que eu possa me certificar do endereço, pois como já faz tempo que fomos ao casamento de Camila, já não me lembro em que rua fica.
- Não é que eu me esqueci do convite!
- Tem nada não. Vamos perguntando até localizarmos a bendita Igreja. – disse o marido.
Dito e feito: pergunta aqui, pergunta ali, acabaram por localizar a Casa de Deus, onde já estava quase lotada de convidados aguardando a chegada dos nubentes.
Crentes que estavam atrasados para o ato religioso, entraram e de imediato se sentaram. Olharam ao derredor de todo o salão a fim de localizar algum conhecido, mas a varredura visual que empreenderam foi em vão. Todos que ali se encontravam não lhes eram familiares.
- Tenho ligeiro pressentimento de que estamos na igreja errada. Este não é o casamento de Tatiana. – Falou Valmir.
- É aqui mesmo, aquele ali é o irmão do noivo. – Asseverou sua cunhada Irene, apontando em direção a um rapaz moreno que se encontrava na fileira próxima ao altar.
O cinegrafista e os fotógrafos faziam fotos de todos os convidados para o álbum de casamento. Claro que eles não perderam a oportunidade para, também, aparecerem bem na fita.
Enquanto aguardavam ansiosos por algum parente da noiva ou mesmo um convidado conhecido para ter a absoluta certeza de que era ali mesmo que se realizaria o enlace matrimonial de Tatiana, observavam que as demais pessoas ali presentes já os olhavam com certa desconfiança.
- Você tem razão Valmir. Parece que estamos mesmo num outro casamento, pois até agora não vi chegar nenhum parente da noiva, nem qualquer convidado conhecido nosso. - Falou Lígia.
Fora da Igreja o cerimonial já colocava o noivo, os padrinhos e a guarda de honras em posição formal, bem como dentro do salão a violinista ensaiava os primeiros acordes de seu instrumento, visando a entrada triunfal da noiva.
O telefone de Irene que estava no perfil silencioso tocou. Disfarçadamente ela atendeu. Era a sua irmã Iara, que seria madrinha de Tatiana, perguntando onde ela (Irene) estava.
- Já estamos aqui na Igreja: Eu, Valmir e Lígia. Chegamos primeiro que você! – Respondeu a cunhada, achando que tinha realizado uma grande proeza.
- Como que chegaram primeiro se eu estou aqui dentro da igreja e não estou vendo vocês?
– Acho que vocês estão é em outro casamento. - Falou Iara.
No bairro havia duas igrejas católicas. E eles não sabiam.
- Valmir você está coberto de razão: estamos em outro casamento mesmo. – Disse Irene.
Após Iara fornecer as coordenadas da outra igreja onde Tatiana estava realmente se casando, para não dar pistas de que estavam em outro casamento, Valmir pegou o telefone e saiu, acompanhado das duas mulheres, simulando ter havido uma situação de emergência e que eles teriam que se deslocar urgentemente. Na saída quase atropelam o noivo que já entrava todo empertigado em direção ao altar.
Resta saber se essa estratégia empregada convenceu a quem ali estava.
O certo é: quando os recém casados folhearem o álbum do casamento, vão se deparar com três enigmáticas criaturas, as quais não pertencem ao rol de seus convidados.