O SONHO DA MAGRICELA
 
 


Naquela época em que não era feio ser gordinha e ninguém sequer sonhava em siliconar o corpo, a magrela Maria Eponina sofria. Na praia os meninos chamavam suas pernas de cambitos e diziam que ela parecia uma tábua. Quando a apelidaram de Olívia Palito ela quis morrer. Entupia-se de doces, bolos e sorvetes, mas de nada adiantava. Até parece ruindade, fofocavam as velhotas sempre a postos nas janelas.
 
Com o passar do tempo, porém, conseguiu engordar um pouco, sentia-se melhor. Mas os seios continuavam pequenos, o que contrariava seu sonho dourado. Gostaria mesmo de ser uma mulher peituda! Um belo dia, enquanto se preparava para uma festa, ao olhar todos aqueles anéis, brincos, colares e pulseiras espalhados em cima da cama, teve uma ideia brilhante. Separou o que iria usar e juntou as outras peças em dois montinhos. Enrolou-os em lencinhos de linho e vapt, enfiou-os dentro do sutiã. Um de cada lado. Olhou-se no espelho. Perfeito. De Olívia Palito, passou a Jayne Mansfield!
 
Desde então, começou a fazer sucesso entre os rapazes. Não tomava mais chá de cadeira nos bailes, recebia olhares na rua. Mas aquilo era um segredo secretíssimo, nem sua melhor amiga sabia. Até o dia em que ela muito saracoteou e o nozinho de um dos lenços se rompeu. Para espanto geral, jóias começaram a brotar de seu decote...
 
Por sorte, naquela hora Maria Eponina encontrava-se entre amigos e ali não havia ladrão. Só houve confusão. Foram-se os peitos, ficaram os anéis... 
 










imagem:google