Gênese sui generis

Ela toma a sua herança, grávida de um povo
Que em si se agita e impõe a sua longa história
Mas as ilusões de outrora, ora não palpitam
Pois que a hereditariedade hoje não vigora
E eis que sangra pelas pernas o rebento bento
E não há nenhuma dor que ainda não chore nela
Dos lamentos desse sangue que hoje a perderam
E que pela eternidade se perderam dela...
E não há nenhum tormento que ela não exale
Porque a dor dessa saudade era uma imagem bela
Que se foi esvanecendo qual tarde singela
Até que a luz solar se apiedasse dela
E ao desvelar-se os véus, a noite se revela
E porque estivesse nua, veste-se com ela
Antecipa o abraço, a preenche inteira
E lhe oferece o fruto da maça primeira
Que ela nega, desta vez, em que se sabe livre
E se torna a oferenda de fruto mais doce
E de seu interno altar o mundo se alimenta
Feito chama flamejante que a todos sustenta
Grávida de estrelas, cálice do Sol!
Cada orgão brilharia, se transparentes fossem
Os etéricos mistérios do ontem e do hoje...
Só sei que cada planeta faz morada em seu altar
E a força do feminino se reinventa e a espera
Até que a idéia sanante tão almejada e bela
Nasce agora, vive em todos, graças a Deus e a ela!

Lídia Carmeli
Enviado por Lídia Carmeli em 07/11/2010
Reeditado em 03/01/2011
Código do texto: T2602728
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