Noturno

Noite alta e um silêncio loquaz cortava o vilarejo.Nem mesmo as corujas, tradicionais habitantes noturnas, faziam-se presente em meio aquele denso nevoeiro que , insistentemente, envolvia cada esquina e viela do vilarejo. O vigia, homem rude e simples,já acostumara-se as intermináveis noites de solidão e silêncio.Porém, aquela noite, parecia-lhe diferente e seus instintos teimavam e mantê-lo alerta; no exato momento que dormitava levemente com seu pensamento em lascivas lembranças da noite anterior que surgiu, do nada, entre o denso nevoeiro,dois olhos amarelos a brilhar. O vigia sobressaltou-se, afinal, quem sairia do conforto do lar em uma noite daquelas?Rapidamente o veículo aproximou-se e foi estacionando próximo ao posto de observação, quando então desceu do carro seu motorista, uma visão jamais imaginada pelo humilde vigia:

Uma figura alta,esguia e voluptuosa que caminhava em sua direção. A mulher mais perfeita que virá em toda sua vida,curvas perfeitas encobertas pelo vestido leve e esvoaçante, no ar o sinal sonoro compassado do salto ecoava e dava o ritmo para seu coração. Ao se ver frente à frente, abriu o sorriso mais lindo e sacando algo de sua bolsa falou ao estupefato vigia:

- Por favor, tem um espelho?

Ainda atônito pelo inusitado da situação, o vigia lhe aponta o vidro espelhado que fazia as vezes de espelho para observar a calçada. Neste ponto, a mulher se posiciona frente ao tosco espelho, calmamente retoca a maquilagem e sai rapidamente deixando para trás o perfume enebriante e ao lado do espelho o batom vermelho, como prova que tudo aquilo não fora mais um sonho de um plantão solitário.

Paulo Artur Antunes

este conto foi o primeiro exercício, nesta linguagem, criado por mim,me perdoem qualquer erro ou falta de senso crítico,espero realmente que os amigos ao lerem essas mal traçadas linhas se divirtam assim como eu me diverti durante sua criação...

bjs na alma de todos,...