A CURA
Tive sede,
Pedi água,
Deram-me água envenenada.
Penei pelas estradas,
Dedei caronas,
Respirei poeiras,
Insistir nas caronas,
Mas continuei sozinho.
Vaguei por desertos infindos,
Acompanhei caravanas,
Estive doente na tenda,
Agonizei no leito,
Debelei-me a procura da cura.
Implorei ajuda,
Rastejei para não morrer,
Estive a beira da loucura,
Meus olhos ficaram vermelhos,
Senti impulsos suicidas.
Tive sede,
Pedi água;
Deram-se água.
Fugi do oásis,
Fui para as montanhas,
O frio me cortou,
Chorei por um agasalho,
Deram-se uns trapos.
O veneno me corroeu,
Dilacerou minha carne,
Arrancou meu sorriso.
Minhas pernas estavam tíbias.
Voltei,
Caí nas calçadas,
Mendiguei a cura,
Senti o escárnio do mundo,
Meu rosto queimou.
Tive sede,
Pedi água;
Não me deram água.
Clamei a Deus pela morte,
Pedi perdão,
Implorei clemência
Do veneno e do frio.
A dor implacável
Apodreceu meu estômago,
Senti o fétido cheio do veneno.
Rastejando
Fugi para a floresta,
Onde encontrei a cura.
Jacy Bastos