Contrastes

Escuridão.

Deitou. Apenas um travesseiro. Encostou a cabeça logo após, apoiando-a entre ambas as mãos.

Tentava buscar um espelho. Mas como, se não “enxergava”? Fechava e abria os olhos, mas não via nada concreto, somente figuras pontilhadas deformadas, formando, talvez, a própria interiorização.

Não conteve-se. Caminhou até uma luz mais próxima. Olhou. Olhou. Olhou. Realmente olhava? Ou fingia observar alguém que não queria? Porque aqueles olhos escondiam mais do que tentara imaginar. Fitava-se repetidamente. Era o nada contrastando com o tudo. Mas que tudo? Que nada? Poderia ser a ilusão de criar expectativas para uma solução problemática que não possuía um resultado final. Em vista de que a finalidade é para ser alcançada. É? Desde quando tornou-se, agora, um paradigma entre escolha e obrigação?

Visualizava o branco em meio à transparência do próprio corpo ali refletido. Talvez por se expor demais ao breu. Não sabia.

Sorriu. Sem jeito, mas o fez.

Desapropriou-se da luz, voltando para o canto preto, que, querendo ou não, era acolhedor.

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 28/09/2010
Reeditado em 14/05/2013
Código do texto: T2524692
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