Versus X Versus
05:01 da manhã. O som do silêncio ecoa na sua mente. Não há mais nada tentador: poderia dizer que todos os mais diversos sons unem-se, numa batida rítmica enlouquecedora. Mas o mais incrível: continua silêncio.
A movimentação não pára um instante se quer. Vê cores, formas, olhares, sentidos... olha para o que deseja e claro para o que não.
Se, buscando uma compreensão maior no seu olhar, enxergar a si mesma, assustarás e muito. Porque saberás que também se enxerga na minha reflexão.
Deixe-me escrever. Guia-me. Não você, não, não. Não!
Tornando-me prisioneira da própria alma. Virou refém de você. Você X você.
Pare de olhar. Não perceba. Não imagine. Não respire. Não escreva.
Olhe, sim. Perceba, sim. Imagine, sim. Respire, sim. Escreva, sim.
Coloque para fora o que mais de impuro habitas. Toda essa contradição.
Feche os olhos. Vá para bem, bem longe: onde haja apenas cores que te façam rir. É, aí mesmo... no silêncio da sua escuridão estática.
Tudo brilha lá fora. Sim, é tão intenso. Como se fosse uma questão de sobrevivência.
Estaria então tornando-se um cego com completa visão? Ou um cego tentando enxergar?
Oh, como é desprezível: ser feio, grotesco, excluído.
Mas realmente se importa?
Ser excluído é, aqui, um inclusão no que há de mais belo para ele, é claro.
Mas o que é o mais belo? Já que é tachado de feio?
Mais belo é poder, talvez, se reconhecer em cada olhar (também grotesco) que irá indiretamente te cercar.
Um ciclo.
Como no mundo dos belos. Mas ali o clico é uma doce ilusão: a falsificação mais cara, mas mais barata dos olhares. São clones. São desprezíveis. Comida velha, estragada.
Não me diga que é insano dizer que o feio é belo e o belo é feio.
Imposição cansa.
Enquanto ainda estiver aqui, buscando o próprio caminho para as indagações seu mundo será o mais ao contrário possível.
O sentir de ser não está vinculado apenas a ser e sim a existir.
Eu sou, logo existo. Independente de estereótipos.