Sob o sol de Fevereiro
Ao atravessar a rua em escaldante verão de fevereiro viu um corpo que caía. Gritou em todas as direções, mas preferiu calar-se, depois que todos deram de costas. Correu como fogo em paiol, mas preferia não estar ali para ajudar.
Estendeu os braços em favor da suicida, mas para ela o chão era uma antiga promessa. Ao aparar o corpo viu que era ela própria quem caía.
Soltou o corpo que ao encontrar seu destino experimentou a paz.
Assustada viu-se correr as escadarias do prédio, entrar no apartamento e ver a si mesma jogar-se do 18º andar, sem nem mesmo dizer adeus em versos, numa carta ou guardanapo.
Era assim todos os dias. O mesmo sonho que lhe dizia em versos, que a vida, ora vazia, ora sem rima, estava ali pra lembrar-lhe que existia. No espelho, a morte ria-se de dar câimbras!