A borboleta que esqueceu de voar

As feições faltavam. Andavam desordenadamente, iludidos, talvez, afim de criar uma ordem universal.

Mas quê ordem? Já que não conseguiam estabelecer uma pré – disciplina em seus grupos.

As sombras deduravam suas existências; mas não poderiam passar por um longo monitoramento, porque não possuíam o completo.

Esse sentimento de espaço X vazio fazia, por um momento, refletirem, tentando capturar, mesmo que ao vento, algo concreto.

Tarefa árdua: no vento circulavam tantas abstrações para distraí-los da real causa. Assim, pontos escuros brigando entre si (na mente de cada um). Poderia se : abstrato X abstrato / concreto X concreto / abstrato X concreto / concreto X abstrato... Quem decidia era cada, então para o “nós” não se criaria um senso comum. Não! Não mesmo!

Queria pertencer. Só que já havia se entupido de dúvidas para além de abstrações e concretizações, não sabendo ao certo aonde posicionar-se.

Talvez ficaria presa na teia embolada dos adjetivos que lhe rondavam; pensaria em desprender-se para sempre: mas, se desse a afirmação, viveria de quê? De flutuações?; aniquilaria cada parte adjetivada, tentando buscar aí uma compreensão maior; ou escolheria alguma, deixando os restos. Tantas escolhas e nenhuma conclusão.

Ía pisando. Pisava lentamente, pois tinha medo de cair em qualquer armadilha que viria abalar sua sanidade controlada. “Controlada”.

Se submetia através de atos extraordinariamente modificados em relação ao mesmo. Estranho, ia mudando o igual, para depois achar uma diferença. Será?

O prazer no idêntico era visível. Apenas para o ser e o controlado. Se divertiam às custas próprias, rondados pela situação prenunciada.

O controlado tinha total liberdade pelas escolhas. Simplesmente, quando quisesse abriria a porta para além. Mas não, gostava de ficar, para quem sabe, ajudar a borboleta que esqueceu de voar.

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 25/09/2010
Reeditado em 13/05/2013
Código do texto: T2519008
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