Ótica
Ótica
(do livro “A raiz e a copa”)
E se não é miragem? E se o azul é de um mar que secou? Porque a impressão por vezes é resquício de fato passado, verdade latente dando volta, querendo acordar. Ao contrário de sempre, recordar não é revirar mofo, é abanar lenço do navio que atraca.
Sob a ótica de um jogo de lentes futuro e passado estão juntos para desespero da razão. Esperam a mesma areia no orifício do tempo.
Só por isso as coisas têm ciclos.
E um milionésimo de segundo se reflete eternamente no pingo da chuva feito prisma, embora o arco-íris cintile parecendo coisa nova.