Ótica

Ótica

(do livro “A raiz e a copa”)

E se não é miragem? E se o azul é de um mar que secou? Porque a impressão por vezes é resquício de fato passado, verdade latente dando volta, querendo acordar. Ao contrário de sempre, recordar não é revirar mofo, é abanar lenço do navio que atraca.

Sob a ótica de um jogo de lentes futuro e passado estão juntos para desespero da razão. Esperam a mesma areia no orifício do tempo.

Só por isso as coisas têm ciclos.

E um milionésimo de segundo se reflete eternamente no pingo da chuva feito prisma, embora o arco-íris cintile parecendo coisa nova.

Jaime Calatrava
Enviado por Jaime Calatrava em 06/09/2010
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