A COBRA E A LAGARTIXA

A COBRA E A LAGARTIXA

Era no tempo em que os bichos falavam.

Numa bela tarde de setembro a cobra ao atravessar a estrada encontrou-se com uma lagartixa jovem. A cobra disse à lagartixa: você é que é de sorte, ninguém a persegue nem lhe tem medo. A lagartixa então retrucou: mas você é perigosa, é venenosa. E a cobra: que nada, há muitas histórias e nem sou tão venenosa assim, sou uma cobra-comum.

Então a cobra para demonstrar que o que falava era correto propôs à lagartixa as duas ficarem à beira da estrada. Passado algum tempo um homem aproximou-se e espantou a cobra, ignorando a lagartixa. A cobra então fez outra proposta: ela picaria o primeiro que passasse, esconderia e a lagartixa apareceria ao lesado. Dito e feito, a primeira pessoa que passou a cobra picou, escondeu-se no mato e a lagartixa apareceu. Então, o jovem picado viu a dita cuja e disse: Ah! É apenas uma lagartixa... E os dois répteis se entreolharam e a cobra falou e disse: não lhe falei... Agora é a sua vez: vai lá para a beira da estrada e morde alguém, você se esconde e eu apareço na estrada.

Aí a lagartixa assim procedeu, indo ficar na estrada. Apareceu um cidadão de meia-idade. A lagartixa o mordeu e escondeu-se no mato, aparecendo a cobra ao homem, que vendo-a destemperou-se, pegou um cepo, correu atrás da cobra, querendo matá-la. E, de tanto correr atrás da caninana o homem enfartou-se e caiu duro, empacotando-se antes da hora, crente ter sido mordido pela rastejante. A cobra olhou para a lagartixa e falou: eu não lhe disse.

E as duas protagonistas deste adentraram no mato e lá estão até hoje.

Moral do conto: Os animais às vezes têm razão. Não acredite em tudo o que você vê.

Belo Horizonte, 21 de setembro de 2006.

Limagolf