Transtornos e desvios

A morte sempre fora um meio, uma amiga com quem se podia contar. Nos mais diversos problemas podia ser acionada e habilmente utilizada, seja para se livrar de um obstáculo ou fazer alguém, simplesmente, sofrer. Contudo, aquele que deve sofrer não deve ser morto, claro. Se algo estava claro na mente dela, era que o pior dos castigos seria ficar vivo e experimentar o terror.

Sua adolescência trouxe a morte pela primeira vez. Era bela, tinha cabelos vermelhos como chamas e, na maioria das vezes, eram eles a última coisa vista pelos olhos vidrados dos que deslizavam para a morte. A menina era chamada de Hillary, mas abandonou o nome assim que pôde.

Odiava o pai, mas amava a mãe de forma intensa. Passavam horas juntas e eram amigas fiéis. Mas quando Hillary decidiu punir o pai por todo o mal feito à família, teve de matar a mãe, e as fotos da tortura foram devidamente entregues ao pai. Depois disso fugiu de casa. Amou muitos homens e os odiou em seguida. O resultado disso era sangue.

De qualquer forma, pensava, isto acabaria a qualquer dia. A polícia estava a sua procura havia algum tempo. Sua última ação seria mais difícil de tomar, mas quando tentou não houve hesitação. Apenas fez. Depois de uma discussão mais séria com o namorado, tirou sua arma da gaveta e engatilhou encarando a surpresa nos olhos do rapaz. Apontou para os cabelos vermelhos e teve a certeza de estar fazendo a coisa certa. O estampido seco que seguiu ao clique da arma encheu o quarto. Havia punido o rapaz. Matou-se.