Mudança Legal - Na Escola IV

Na Escola IV

Numa oportunidade em que reunido o Grêmio, discutia-se como pauta a questão das drogas e o quanto tudo aquilo também era de fato bastante incômodo para todos aqueles rapazes, mesmo porque eles e até mesmo os usuários não eram felizes com a situação que viviam.

Nesse dia resolvi ficar num lugar estratégico aonde pudesse ouvi-los sem que me pudessem notar a presença, pois não queria que se sentissem constrangidos. Afinal o espaço era deles.

A palavra estava com o presidente do Grêmio que bastante inflamado chamou à ordem: _ Amigos! Somos todos responsáveis pelo que ocorre na escola e precisamos não mais ficar acomodados com essa situação passiva, assistindo nossos amigos adoecerem e não tomarmos se quer providência em assunto de tão grave urgência. O que fazer ? Brigamos ou nos unimos para entender como tudo isso funciona? Alguém gritou bem forte na assembléia : _Unidos seremos fortes! Muito bem companheiro! Unidos aprenderemos o que fazer e como fazer. Não podemos ficar achando que o que está acontecendo com o nosso colega é porque ele não presta e se envolve com gente da mesma laia. Não estamos aqui pra julgar ou fazer críticas infundáveis. _ Muito bem ! Gritou outro bastante inflamado. _Companheiros nós precisamos de ajuda para ajudar nossos amigos envolvidos em situação tão difícil.

Passei a perceber que ali estavam todos interessados em fazer alguma coisa séria em relação a todos aqueles episódios tão desagradáveis que vinha assolando a nossa pequena cidade até então tão tranqüila.

Alguém chamou atenção para o fato de que os dependentes tornavam-se mais vulneráveis ainda quando sem recursos para adquirir a droga partia para os pequenos furtos e as vezes subtraindo pertences em suas residências, deixando seus familiares mais revoltados, prejudicando com isso mais a situação.

Essa ação de buscar socorro mais amplo precisa ser urgente no sentido de inviabilizar os dependentes, porque precisam ser tratados como enfermos e não como marginais.

A palavra de ordem ali foi buscar os recursos necessários para a construção de uma comissão estudantil que tomaria as providências junto aos professores, orientadores, autoridades e comunidade em geral.

Foi marcado ali mesmo e votado pelos meninos uma comissão que com o apoio de profissionais de saúde fosse discutir tão delicado assunto na Câmara de Vereadores, levando a cidade buscar uma saída. Assim foi feito e nós jamais podíamos imaginar que aqueles meninos fossem assim tão responsáveis para tomar todas as providências cabíveis.

O tempo foi passando e aos poucos os recursos chegavam e as ações eram tomados pela comunidade que como um todo socorria sem constrangimento seus dependentes, tratando o caso como sendo de saúde e não de polícia somente.

Hoje ainda temos dificuldades e muitos dos que chegam ao envolvimento com as drogas e que buscam no hospital meios de tratamento para suas dependências ali de certo encontram apoio porque todo o serviço que ali fora montado teve início numa ação democrática e humana, viabilizada pelos alunos e membros da comunidade que decidiram superar e encarar suas mazelas de frente.