O eclipse
No retorno da África, ainda no vapor, sir Armstrong, redigia o seu comunicado ‘a Real Academia de Ciências, sobre a sua expedição.
Era 1911, e o eclipse do Sol por Mercúrio, ofereceria uma chance de ouro para comprovar a teoria da relatividade, fotografando o esperado desvio duplo da luz do sol, ao passar pelo pequeno e tórrido planeta.
Pensou em todas as dificuldades que enfrentara, a viagem de vapor, de Liverpool até a Costa do Marfim, a travessia de florestas tropicais, os animais ferozes, a malária, e tribos rivais em guerra. Pensou na caravana no lombo de burros, nos equipamentos que se deterioravam, na falta de água e comida. Até que finalmente, chegou ao melhor local para a observação. Apenas dez minutos duraria o evento, e sir Armstrong chegou atrasado.
Agora, enquanto o vapor atracava, sir Armstrong, no seu camarote luxuoso, fumando um charuto, e bebendo brandy, molhou a sua pena no tinteiro, e sem ânimo, apenas escreveu:
Por falta de testemunhas, não houve o eclipse.