A Bela Morena Que Não Pode Ser Mãe.

* Este conto eu ofereço a uma amiga de Minas Gerais muito querida. *

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A Bela Morena Que Não Pode Ser Mãe.

Ela era bonita. Tinha um olhar profundo e misterioso. Morena, corpo esguio e lábios carnudos. Trazia em si uma alegria que por muitas vezes deixava exteriorizar contagiando a todos.

Ultimamente andava triste. Isso acontecia todas as vezes que recordava aquela cirurgia que havia lhe custado os ovários. Antes tivera três abortos espontâneos. Numa consulta veio o diagnostico – Retirar os ovários.

Desde então a tristeza se abateu sobre aquela linda mulher. Suas quatro sobrinhas preenchiam de certo modo sua vida. Cuidava delas desde que nasceram. Derivava a elas o sentimento de mãe que estava sempre latente em seu interior.

Nesta manhã, envolvida em seus pensamentos, sentindo-se deprimida deito-se no sofá de sua pequena sala. Ficou ali querendo relaxar um pouco da tensão que sentia.

Quando já iniciava a cochilar, ouviu que alguém batia na porta.

- Tia, chegamos!

Eram as gêmeas que sempre a visitavam quase que diariamente. Agora estavam bem crescidinhas (11 anos) e já sabiam usar o PC e a Internet. Sempre que iam visitar a tia, usavam o computador.

Ela levantou-se rapidamente e cheia de alegria abriu a porta. Abraçou as duas sobrinhas. Precisava daquele abraço naquela manhã.

Uma delas correu logo para o computador. A outra, sentou-se ao seu lado para lhe fazer companhia.

Passaram o dia todo naquela casinha tão acolhedora.

A bela morena parecia ter esquecido a depressão. Preparou-lhes almoço. Depois, lá pelas 16h00min, uma farto lance. As 19h30min jantaram.

Havia sido um dia alegre e de muita felicidade para todos.

Quando despediram-se para voltarem para casa, as gêmeas abraçaram a tia beijando-lhe o rosto. Foi um abraço amoroso que só os filhos sabem dar às mães que amam.

O silêncio voltou a reinar e só era quebrado pelo som da TV que estava ligada. No coração da bela morena um aperto se fez ao vê-las atravessar a porta. Então ela pensou: Se eu não tivesse abortado, e se tivesse uma filha, teria hoje quinze anos.

Mas ela não podia ver nem ouvir que diante da porta um anjo lhe falava:

- Elas tentaram vir por duas vezes ser tuas filhas, minha querida. Quando viram que não poderiam, pediram para nascer em tua família para ficarem perto de ti. Elas te amam com mãe, mas não sabem como te dizer isso.

Parecia que aquele bela morena ouvia as palavras do anjo. Ficou pensativa por algum tempo e disse a si mesma: “Alguém um dia me falou que elas... ah, deixa pra lá. Ele já voltou pra terra dele e não posso mais perguntar por que falou aquilo”.

Dos seus olhos caíram algumas lágrimas. Sentia saudades não sabia de que, mas era de saudade sim.

Sorriu feliz e foi deitar-se.

Logo mais, amanhã já seria domingo. Dia das Mães.

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Feliz Dia das Mães minha amiga mineira. Tuas filhas estarão sempre contigo.

Que haja paz por toda a tua vida.

Te quero um bem enorme.

Carlos Neves
Enviado por Carlos Neves em 08/05/2010
Reeditado em 08/05/2010
Código do texto: T2243893
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