Além do Tempo neste Tempo.

Ali estava ele a jurar e nada a demovia.

Um clarão de luz nada mais existia, só a escuridão.

Seu espírito apenas flutuava no espaço vendo seu corpo jogado ao chão. Ainda respirava.

Seu espírito ganhou as alturas em busca dos mestres pedindo ajuda. Havia desespero e angustia. Estava aflito e cheio de tristezas.

Outros espíritos estavam presentes, muitos eram conhecidos e um guardião anunciou sua chegada.

Houve aclamações entre os presente.

- Avallon chegou

Muitos comentários se faziam ouvir – Ele veio assim? Nestes trajes? Por que não vestiu sua túnica azul?

Uma mulher dele se aproxima e lhe sorri dando-lhe as boas vindas. Ele mirou-a nos olhos e ignorou. Andou em frente a passos largos e firmes.

Tinha seu semblante carregado. Estava cansado. O sofrimento em sua face estava estampado com marcas de dor.

Diante do altar encontrou os mestres, então sem fazer reverencias falou alto ecoando sua voz por toda a Catedral.

- Eu renuncio. Renuncio a tudo que me propus. Só sofrimentos ganhei e nem obrigado recebi. Para que me mostram ela, se nem de mim consegue lembrar?

Um burburinho de vozes se fez ao fundo.

- Ele se refere à Sophia. Ela não veio com ele.

Os mestres apenas o olhavam passivamente. Deixava-o desabafar.

- Juntei dezenas de almas ao meu redor. Me dei a cada uma com amor que me ensinaram a dar, mas o meu premio, me deram aos pedaços para que eu juntasse e nada desfrutasse. Sophia tornou-se só numa imagem sem crença no que poderia ser tudo que eu esperei há mais de um século para viver. Ainda perco o tempo o elo que nos unia e me tomam de volta o que a mim prometiam.

Ele estava exausto. Baixou a cabeça e concluiu:

- Me perdoem o desabafo, mas minha matéria está jogada sobre o chão a agonizar no mais duro sofrimento. Não mereço tal castigo.

- Não há castigo, meu fiel discípulo. Tu Avallon, recebestes o dom. Tu foste o escolhido. Apenas vive a purificação e esta purificação te faz padecer. Deixa o tempo chegar ao seu tempo. Na sua hora no seu tempo haverá a recompensa. Saiba esperar que teu tempo virá na hora que ele marcar no tempo da esfera que une o espírito e a matéria.

Avallon fez uma referencia com os sinais Sagrados e retirou-se.

Retornava ao mundo dos vivo na carne.

Seu corpo agora repousa em seu leito a contorcesse de dor. Olhou-o por alguns instantes e disse.

- Carne podre que voltará ao pó. Carne faminta pela carne do amor. Eu devia não voltar a ti, mas por amor a ela me deixo ainda ficar em ti.

Ele retornou e logo despertava. Parecia ter sonhado. Quase nada lembrava, mas dela as lembranças eram vivas.

- Sophia, voltei. Ainda estou aqui.

Carlos Neves
Enviado por Carlos Neves em 28/04/2010
Reeditado em 28/04/2010
Código do texto: T2225161
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