CONTUNDÊNCIA.

     
Maria Eva na plenitude de seus 32 anos, era uma mulher esguia e bonita, além de ser bem sucedida profissionalmente. Sua formação prodigiosa abriu-lhe o mercado de trabalho bem cedo. Mal havia concluído os estudos e recebeu convite para trabalhar em uma das mais conceituadas indústrias do país, o que lhe deu acesso ao de melhor para uma pessoa jovem desfrutar.
 
     Seu nome foi uma homenagem de seu falecido pai, uma alusão à esposa do Ex-presidente argentino Juan Perón, de quem havia ouvido falar em meados da década de 70, através dos anúncios para a ópera “Evita”, mesmo não tendo a menor consciência de quem houvera de ser.
 
     Embevecida estava com o glamour que a boa situação lhe permitia, após uma juventude de dificuldades passada na periferia de Belo Horizonte, mas deixava-se levar pelos pensamentos frívolos. Em suas horas de quietude, uma dubiedade lhe aflorava, definir-se pelos conceitos estabelecidos ou pelo que aparentava ser. Perguntava a si mesma: "o que sou aos olhos dos outros?" Esta propensão de ideias falseava a sua capacidade de entendimento.
 
     As incertezas sobre as realidades dos fatos levaram-lhe a uma atitude extrema, em uma noite fria de inverno, lançou-se pela janela de seu apartamento, foi ao encontro do vazio da noite... Do vazio de si mesma, foi atrás de suas respostas.
 
     Seu corpo ainda quente, mas inerte... Descansou, em meio ao impiedoso asfalto frio, marcado que foi pelo seu sangue...

 
JLeal
Enviado por JLeal em 25/04/2010
Reeditado em 12/08/2021
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