A CAMINHO...
Meus pertences já estão sendo colocados no caminhão que me levará para uma viagem. Ela será longa, difícil, e sem destino. Na carroceria apenas uma caixa de papelão com um manuscrito de 140 páginas, três canetas sem tinta e uma quase no fim. Sigo sentado ao lado dela pensando na fragilidade que é ser quem sou... Tudo o que restou de mim está nessa caixa sobre este caminhão agora em movimento. É uma viagem sem volta. Posso chegar como não chegar. Pretendo chegar, mas se não chegar a lugar algum me enterrem numa curva qualquer da estrada. Eu, meu manuscrito, minhas canetas que já cumpriram seu destino. Não é necessário nenhuma lápide, apenas escrevam num pedaço de papelão da caixa onde estavam eu e minhas coisas: "existir não é uma farça... Escrever também não... Morrer sim".