O poeta olhou para o céu!

O poeta olhou para o céu

Andava calmamente como sempre e reparou que quase não havia estrelas no céu, procurando investigar mais de perto, subindo o monte que ficava bem à frente da acácia em que dormia, deixou-se envolver pela bruma que tomava o monte.

A noite estava fria e o poeta apertava nos pés enquanto subia as folhas secas que gritavam debaixo das suas sandálias. Era como se as folhas sentissem o coração do poeta que não falava, mas podia ver o céu em sua imensidão e questioná-lo, por cada grito das folhas pequeninas e secas.

Resolveu parar antes de chegar ao topo do monte e pegou algumas folhas com as mãos e falou calmo: vejam agora que estão em minhas mãos, já não são mais meus pés que as acariciam, mas meus dedos finos que lhes tocam e sugerem a bruma que povoa o monte. Continua o poeta e subindo lentamente com as folhas, pode perceber que as que ficavam debaixo de suas sandálias ainda gritavam ressequidas; abaixou-se outra vez e trocou as folhas.

O topo ainda distante marcava as pisadas do poeta nas folhas ao longo do caminho, confundia-se com o gemido das corujas que olhavam e acendiam com o olhar atento a vigília do poeta ao subir o monte.

Ao passar por três árvores gigantescas, o poeta ouviu um barulho, sentiu que era água que ali corria profusamente, não deixou de investigar, mesmo porque não era de hábito ali naquele lugar que ele conhecia muito bem passar qualquer filete d’água. Investigou como qualquer leitor atento.

Era exatamente água cristalina que vinha de uma fonte qualquer. Mas como ainda não havia percebido? Porque passara por ali desde menino nas suas investidas ao topo do monte.

Lembrou-se de que o monte estava mais alto ou ao menos parecia, porque sentia-se muito cansado e quase nunca era tomado daquela fadiga.

Resolveu continuar subindo porém seguindo o filete e de quando em vez parava e molhava a cabeça e sentia-se outro muito mais revitalizado posso dizer, mesmo forte. Assim foi indo e subindo e andou até desmaiar.

Ao acordar estava ao pé de uma imensa árvore cheia de frutos doces. Ao pé da árvore a fonte e dela escorria o filete que descia monte abaixo. O poeta limpou os olhos agora abertos e olhou pra baixo e viu que o céu não era inacessível.

JPonto