Contos da Galiza I

Compostela, 12 de março de 2010

Aquele dia os bandidos entraram pela porta aberta, seguiram os canais estabelecidos, assinaram os documentos preparados, cumprimentaram os guardas de segurança e saíram com o tesouro, sagazes, sem levantar nenhuma suspeita.

A Administração, sem adverti-lo, tinha-se inoculado a si mesma um elemento de altíssimo grau de virulência. Como o organismo decadente que se suicida, aquela injecção de direito podia desatar uma grave crise que a colocasse na obriga de ser mais democrática.

A Ilha da Fantasia e o País do Nunca Mais casaram em rápida e eficaz cerimónia produzindo assim liberdade suficiente para provocar um colapso maciço do sistema: o amor, que normalmente é uma merda, naquele dia tinha-se revelado como a arma mais fecunda que os filhos da luz e da terra inventaram para transformar a realidade.

[continuará]