O Caçador (conto vampírico)

Os olhos castanhos vagavam pelo ambiente cheio de fumaça. Mentolados e cubanos se misturavam naquele bar ruidoso.

Sua atenção se voltava a cada canto - cada boca libidinosa, cada olhar vazio e descompromissado, cada pescoço cálido - e ele sorvia todo o perfume misturado àquela orgia de aromas.

Foi então que ele a viu. Parada no canto, sozinha, cigarro na boca e bebida na mão de unhas longas. Um limão solitário no balcão a seu lado.

O dono dos olhos castanhos foi se aproximando. Ela tinha um piercing no lábio inferior, os olhos eram grandes e cor de oliva, bem delineados pela pesada maquiagem.

Conversaram coisas excêntricas e coisas comuns. O clima era sedutor.

Ao som de "You know you're right" do Nirvana, os lábios se encontraram.

O gosto de álcool nela, o frio da pele dele. A chama do cigarro se apagando na mão de unhas longas.

Uma, duas, três tequilas. Limão e sal. Risadas distantes, abafadas no ambiente...

A cabeça dela começando a ficar leve...

"I will never bother you

I will never promise to

I will never follow you

I will never bother you"

Ninguém mais prestava atenção a nada. Frenesi e mais um beijo. Dessa vez, os lábios dele encontraram o pescoço alabastrino.

"Never speak a word again

I will crawl away for good!"

Tequila e sangue nos lábios pálidos dele.

Ela, de olhos embaçados e com dois pequenos ferimentos, quase imperceptíveis na pele clara, deixa cair o copo - e o corpo.

"I will move away from here

You won't be afraid of fear

No thought was put into this

I always knew we would

come to this"

Com sua fome saciada, ele se afastava do belo corpo jogado ao chão.

Seus olhos impiedosos de caçador sempre atentos, em meio ao bar cheio de fumaça e bêbados - em busca da próxima vítima.

"Pain

Pain

Pain

You know you're right"

(Música citada no conto: You know you're right - Nirvana ;P)

Renata Xavier
Enviado por Renata Xavier em 01/03/2010
Código do texto: T2113308
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.