A MULHER QUE FOI ESQUECIDA
NO POSTO DE GASOLINA


(Fato ocorrido em meados do ano de 2004)

Naquele dia, voltavam duma visita ao filho em Campina Grande-PB. Tinha sido um dia cansativo. O homem dirigia calado. E a mulher sentada ao seu lado cochilava, pois estava bastante cansada.
Chegando ao posto de gasolina o homem estaciona o carro e manda completar o tanque. A mulher levanta-se, estica-se um pouco, e diz que vai deitar-se no banco traseiro para dormir. Sem nada responder, ele entra no carro, liga-o e dirige-se à parte de trás do posto em busca do toallete, onde estaciona e desce. Em seguida, desce a mulher que já se passara para o banco de trás e, também, vai ao banheiro. Porém, ao fazê-lo, o marido não viu e, voltando, entra no carro, senta à direção, liga-o e vai embora. Tudo isso levou menos de 5 minutos. Tempo suficiente para que, quem não se comunica com as pessoas com quem convive, possa provocar uma situação terrivelmente incômoda e constrangedora.
Saindo a mulher do banheiro, não vendo o carro, imagina que o marido fora tomar um cafezinho para fumar na lanchonete do posto e dá a volta, tranqüilamente, até a frente deste, parando de chofre quando não viu o carro do marido. Boquiaberta, sem saber o que pensar, saiu perguntando a todos que ali estavam se não tinham visto um carro assim, assim... Não obtendo resposta afirmativa, pensou um pouco e passou a ligar para quem podia: pra casa, onde lhe atendeu seu filho mais novo; pra sua cunhada, esposa do motorista do táxi (o carro utilizado por seu marido), que deu-lhe a idéia de que poderia ter sido assalto e/ou seqüestro; pra polícia local, depois de ter falado com a sua cunhada. Findo isto tudo, ficou, tranqüilamente, terminando um trabalho em Literatura de cordel que haviam-lhe encomendado, comendo uma pipoca e tomando um refrigerante, o que dera pra comprar com o pouco dinheiro que tinha na bolsa.
Enquanto isso aquele homem - desligado - viajava sem perceber a ausência da esposa até que, quase duas horas depois, um pneu do carro furou e ele teve que parar para trocá-lo. E necessitando do auxílio da mulher, chama-a, de início em tom normal e, em seguida, como ela não respondesse, grita: - Rosa!! E Rosa, sua esposa, não responde. Ele, já zangado, abre a porta e... petrifica-se ao ver que a esposa não está ali. Quase enlouquece. Pensa coisas inacreditáveis: que ela suicidou-se, que caiu na estrada... Mas, nunca imaginou que pudesse tê-la deixado no dito posto de gasolina. Liga pra casa (pelo celular de alguém que parara para oferecer ajuda, já que o seu descarregara) pra comunicar o caso que não sabe como explicar, e dão-lhe a notícia de que sua esposa está no tal posto de gasolina. Volta. Duas horas e meia depois, chegando lá a encontra, tranqüilamente, terminando o trabalho que lhe fora encomendado para o dia seguinte. Ela o recebe com uma gargalhada. E ainda rindo, pergunta pra ele: -Já pensou se fosse você que estivesse em meu lugar? Kkkkkk... E ele nem sequer pede desculpas. Como um “dois de paus”, não se move sequer para abrir-lhe a porta do carro, pois isso lhe “diminuiria” diante dos outros, tiraria sua pose de “macho”.


Isto é real! Por mais difícil que seja de acreditar.


Rosa Regis
Natal/RN - novembro de 2008.