DESCOBERTA

Noite calma. Silencio profundo no prédio. Nada de especial ocorre para quebrar a monotonia de minha solidão juvenil. O relógio continua no seu tique-taque continuo desafiando o tempo em sua linguagem.

Direpente um grito ecoa como um sino a meia-noite. Destoante.

Estremeço. Paralisada não me movo. Até meus olhos ficaram parados nas caixas, com medo de sair.

Passam alguns minutos e o grito se repete.

Afundo mais e mais em minhas cobertas. Mais um grito e não me agüento. Levanto-me.

Lá fora estar tudo escuro. Mas, mesmo assim resolvo descer. Meu apartamento fica no oitavo andar. Vou até o elevador que não estar.

Resolvo descer pelas escadas. Meu coração desce juntamente com meus passos, um a um, às vezes dois e três. O pequeno facho de luz da escada se apaga. Morro. Ouso o barulho do elevador chegando ao terceiro andar. Corro até ele. Estar aberto. Entro.

Resolvo voltar para o meu apartamento. Vou apertar o botão para o oitavo. Mas, uma mão fria toca a minha e me impede. Estremeço mais uma vez. Não consigo imaginar nada, apenas sinto medo. Como é possível não ter luz nos corredores e o elevador estar funcionando normalmente?

Não tenho tempo para me responder. Mais uma vez sinto o contato daquela mão fria. Agora direcionada.

Respiro com dificuldades. Não sei se por medo ou excitada com aquele contato desconhecidamente frio.

De súbito sinto as mãos caminhando justo para o meu segredo, que ainda virgem desconhece aquele tipo de afago. Bom, para ser sincera, não desconheço totalmente, mas, a descoberta foi solitária. Tenho dezesseis anos.

As mãos caminham pelo meu corpo e agora o medo se transformou numa curiosidade carregada de vontade. Sinto uma vontade morna percorrendo o labirinto de meu sexo. O elevador estar parado, fechado, estacionado. Só ela e eu estamos em movimentos.

Os movimentos se aceleram ao passo que a corrente elétrica vai percorrendo o resto do meu corpo. Não sinto mais medo. E os gritos? Não quero parar. O hálito dela é perfumado. A sua respiração se junta a minha solvendo a pressa que se impera em nós.

Desfaleço. Ela me segura firme e com decisão me invade. Gemo alto. Que delícia aquela sensação. Meu sexo agora tem som. E vai aumentando juntamente com a vontade que vai crescendo mais e mais. Até chegar a desmedida. Será o ponto final?

Que fome tem a boca que me suga a língua. Pensamentos confusos. Minto – A confusão é minha. Mais ela não me amedronta. Tento seguir a lição. Ela me impede. Luto. Agora conheço os estágios, quero segui-los um a um. Minha mão não desiste cheia de vontade.

De súbito a luz acende. Separamo-nos, depressa, confusas. Não temos olhos. Ela sai e meu sexo vai com ela. Excitado ainda. Querendo mais finais. Mas, meu corpo não se move. Chego ao meu apartamento encontro à porta aberta. Mas, eu a deixei aberta? Não lembro.

Corro para o quarto. A minha cama estar habitada. Ela justifica a sua presença. Mais e mais. Uma duas três. Não sei quantas vezes chegamos juntas ao “final”. Adormeço.

Sonho com ela.

Acordo. Cama vazia, mas, em desordem. Levo minha mão à boca. Minhas narinas se deleitam. Cheiro agre-seco em minhas mãos. Não é o meu! Penso alto: - Opção?

Sorrio e volto a dormir. Ainda era cedo, muito cedo.