Tarde de domingo (Miniconto)
Tarde de domingo. Família reunida para jogar buraco. Clotilde é convidada para participar. Como não sabe jogar presta atenção para aprender. Silêncio! “Você foi ao médico!” A amiga responde afirmativo. “Qual o nome do seu médico?” Silêncio! Com muita dificuldade Clotilde responde: “Pecico.” Silêncio! Todos a olham sem entender! “Não entendi! Pechico?” Todos a encaram. Mas, não a compreendem. O riso corre solto pelo rosto das amigas. Clotilde estoura em uma gargalhada. De tanto rir lágrimas correm pelo seu rosto. “Não, não! Pecico!” A torre de Babel está instaurada! Carla se esforça para traduzir a palavra para a amiga. “Pecico, Pechico, Pechicho, Pevico, Petisco, Pezico...” O aparelho ortodôntico na boca de Clotilde consegue construir uma língua estranha. Carlota, uma crente convicta em milagres dá o seu parecer: ”Ela está falando uma língua celestial. A língua de Deus!” Sem poder ser compreendida e não querendo ser santificada em vida, Clotilde escreve o nome do médico em uma folha de papel. Clara olha o papel, lê para todas. “Petito!” Sem dúvida, para essa nova língua ainda não há interprete.