ETs ETÍLICOS

"O mais certo sinal de que

vida inteligente existe em

algum outro lugar do Universo

é que nunca tentaram contatar"

Bill Waterson

Bentinho Alves profetizou que vinham. Eles vieram.

Todo o povo, todos os bêbados, todos os loucos e todos que criam em Bentinho Alves ou dele duvidavam, estavam ali para ver.

O velho já viajara com eles. A ele mostraram o futuro e agora ele trazia ao povo o que vislumbrou em sua viagem.

Bentinho apontou para o céu.

Todos olharam o céu.

Eles vinham.

O horizonte coloriu-se com sua chegada.

Os céticos tremeram; os drogados pensaram que era mais uma viagem e Bentinho havia viajado, por isso enjoy.

Não havia raios lasers estuporando as pessoas nem um extraterrestre simpático pedindo para ligar para casa.

Quando os seres do espaço, após cumprimentarem Bentinho Alves, se depararam com os terráqueos não fizeram nada além de olhar. Olharam-se muito, mutuamente, mudos.

Num dado momento, um bêbado caiu. Ninguém quis saber do bêbado, nem Bentinho Alves, após tanto tempo olhando, parecia tão animado, não ofertou a cachaça do bêbado ao extraterrestre.

Instantes depois, talvez por que sua pressão tenha baixado, um extraterrestre também caiu e somente os terráqueos notaram; os ETs nem ligaram.

Após muitos bocejos entediados, resolveram que era hora de partir. Partiram sem dizer adeus, sem dizer coisa alguma.

Para os que ficaram não houve frustração com a partida — gente quieta não combina com festa! Providenciaram um samba que era muito mais divertido.

Esperaram até que a espaçonave se afastasse o suficiente e deixaram de dissimular:

— E ai, conseguiram pegar alguma coisa?

Ninguém respondeu. Os extraterrestres não se distraíram com o desmaio do bêbado, não possibilitaram um furto qualquer.

Os terráqueos, cansados, deram por falta da cerveja. Olharam para o bêbado e ele já não estava mais ali, acenava da espaçonave despindo a fantasia. Os homens voltaram-se para Bentinho Alves exigindo explicações.

— Queriam que lhes explicasse como era nossa civilização!— Bentinho respondeu ingênuo se despedindo deles com um aceno antes da sede trazê-lo a Terra. — Filhos-da-puta! — vociferou enfim, mas já estavam distantes.

Com o insulto Bentinho Alves foi perdoado, no entanto, escondido, ria baixinho despindo-se também da fantasia.

Fabiano Rodrigues
Enviado por Fabiano Rodrigues em 12/01/2010
Reeditado em 12/01/2010
Código do texto: T2025643
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