It's raining... Maguila (Parte II)
O galinheiro não foi mais o mesmo desde a chegada do pinto que caiu do céu! Se alguém tivesse que ir ao quintal devia ir munido de um cabo de vassoura para ser respeitado. Maguila mudou o ritmo de todos da casa. Onofre se torna o guarda-costas de todos os familiares. ”Onofre me acompanhe até o quintal preciso estender a roupa!”.
Onofre consulta um veterinário. Lógico, que não levou o galo para a consulta! A vida do galo foi destrinchada no consultório, a conclusão do veterinário surpreende: “Pela descrição, o senhor tem um galo índio gigante. A ave é “prima” do galo de briga. Excelente reprodutor. Atrai os olhos pela beleza e o colorido das suas penas”.
“Mas, doutor o que podemos fazer para acalmá-lo?”
‘Ah! Não existe remédio. A solução é levá-lo para a panela. A carne é muito saborosa, enquanto, ele ainda for novo. Mas, penso que o seu galo recebeu uma boa quantidade de genes de um galo índio. Este é o motivo de tanta agressividade!”
O homem coloca a mulher a par da situação e completa com o veredito do médico: “Panela!”
Creusa se benze. “Matar o galo? Nem pensar! Como?”
“Usando um dos métodos da nossa mãe; cortar o pescoço, estrangular,...”
“Deixe o galo em paz! Não vou matá-lo, não!”
Bem! Mas, tudo um dia muda. O galo ficou velho e a artrose o pegou. Quica e Xuxa percebe que algo não vai bem com “El Matador”. Primeiro; duas dezenas de rosnadas. A coragem começa a atingir as cadelas. O galo torto fica acuado em um canto do quintal. Uma chega rosnando a direita e a outra a esquerda. Maguila não tem mais forças para brigar. Quica o atinge com a pata e o forfé só termina, quando Onofre toca o galo para dentro do galinheiro.
Domingo de Páscoa. O silêncio penetra nos ossos de Creusa. Senta na cama e faz uma oração. “Onofre estou com uma má impressão. Algo aconteceu. O silêncio assusta!”
Levantam e procuram saber o motivo daquele vazio enigmático!
Nada se move no quintal. Quica e Xuxa estão sentadas em um canto ao lado de Maguila. Imóveis! Olham o galo!Imóvel! Maguila tinha apitado na curva, abotoado o paletó de madeira, batido a caçuleta, esticado as canelas, ou melhor, tinha morrido!
Creusa chora! Onofre suspira! O malvado fazia parte da família.
O casal entra em um consenso: colocam a ave em um saco e procuram um local ermo para desovar o galináceo. Sentimentos pontilhados por dualidades presenciam o casal nesta hora fúnebre. O amor e o ódio se manifestam conturbando valores que direcionam a vivência de cada um.
Creusa senta na Dkw Vemag com o saco no colo. Procuram terrenos baldios. Na altura da Escola da Agronomia, Onofre para o carro. ”É agora; Creusa joga o galo.”
Creusa faz o sinal da cruz e apronta o saco para ser lançado. De repente, uma senhora atravessa a rua, e, o saco volta para o colo de Creusa. Dez minutos depois o galo vai ser atirado em um matagal perto do Campo de Aviação. Nada feito! Jovens skatistas aparecem do nada!
Duas tentativas mal fadadas, depois, o defunto empenado, se torna um problema de difícil solução. Desanimados, marido e mulher voltam para casa e enterram o galo em uma cova rasa no fundo do quintal.