Homem na caixa de vidro (parte II)

Eis que as pessoas começavam a circular pela rua, o homem na caixa se encolhia, nunca tinha reparado que tinha tantas partes intimas suas mãos não eram suficientes para cobri-las; as pessoas circulavam pela rua a frente e ainda não tinham notado a caixa de vidro, Simplicio sentia-se angustiado, não queria ser visto, por outro lado essa demora em ser visto também o incomodava, como seria ser visto completamente nu?, Talvez alguém pudesse ajudá-lo antes que as demais pessoas da cidade o vissem isso!! Alguém iria ajudá-lo! Não deixariam um homem naquela situação, seria vergonhoso mas pelo menos estaria livre, poderia ir a seu novo escritório ou então refugiar-se para a privacidade de seu quarto, colocaria roupas, não iria compra novas roupas...

- Olhem!

Os devaneios de Simplicio foram cortados ao notar a aproximação do menino, não contente o menino chega mais perto da caixa olha para o homem que inutilmente tenta se esconder, os olhos do menino estavam arregalados, e sai correndo gritando. Simplicio se desespera, estava impedido pelas paredes da caixa de ouvir o menino, mas sabia que ele estava gritando, e agora?? E agora?? Que vergonha! Queria se esconder, mas onde se esconderia, o desespero era tamanho que se esqueceu até como se chora, ficou encolhido no canto da caixa com o rosto coberto pelas mãos, ficou assim por um tempo, mas não resistiu e olhou por uma pequena fresta entre seu dedos e viu muitas pessoas se encolheu ainda mais, nesse momento as lagrimas já desprendiam-se dos olhos, assustava-se com o barulho dos murros que alguns curiosos davam nas paredes da caixa...

(continua)

Rafaello Merisi di Caravaggio
Enviado por Rafaello Merisi di Caravaggio em 30/12/2009
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