Homem na caixa da vidro

Depois de uma noite com um sono curto e insatisfatório, Roberto Simplísio acordou nu dentro de uma grande caixa transparente no ponto mais movimentado da pequena cidade onde morava, a caixa estava fortemente suspensa a mais ou menos um metro e meio do chão por quatro vigas grossas e também transparentes. Não acreditava no que estava acontecendo, não fazia sentido, quem havia o colocado ali? Como? Que tipo de brincadeira era essa? Mas um pensamento norteou aquela confusão mental, o que fazer quando as pessoas começassem a sair das casas? O que fazer?? Justo agora!! bem no momento mais crucial de sua vida!!A única explicação lógica para aquilo seria uma brincadeira, sim uma brincadeira!! de mau gosto, mas ainda sim uma brincadeira. Ficou um pouco tranqüilo com a explicação, mas ainda estava angustiado; o que faria quando as pessoas o vissem?? Tentou quebrar os vidros, machucou as mãos; viu um guardinha na rua atrás do barzinho, tentou gritar e descobriu que emudecera, nesse momento o esboço de lucidez se esvai em meio ao desespero, tentava gritar e esmurrava as paredes porém elas ignoravam seus punhos.

Se estivesse fora da caixa Simplicio poderia sentir o cheiro de pão quente que anuncia o despertar do dia, mas dentro da caixa torcia inutilmente para que o sol não despontasse, e o sol despertou. Droga!! E se os colegas do trabalho o vissem nessa situação, justo agora que fora promovido; no dia anterior tinha comprado um terno novo, caríssimo, só para usá-lo no seu novo cargo na empresa, sim fora promovido, saíra do cubículo onde trabalhava para um escritório só seu, teria conforto e até uma porta! Imagina privacidade no trabalho! Que luxo! Poder fechar a porta e exigir a todos que batam antes de entrar sem ninguém pra encher o saco; ele não de cometer extravagâncias mas era recatado e tímido prezava muito sua privacidade...

(continua)

Rafaello Merisi di Caravaggio
Enviado por Rafaello Merisi di Caravaggio em 26/12/2009
Reeditado em 28/12/2009
Código do texto: T1997058