EMPADINHA, QUENTINHA, QUEM VAI QUERER?

Empadinha, quentinha, quem vai querer?

O Betinho faz umas empadinhas sensacionais. Há alguns meses, ele sempre aparece, uma ou duas vezes na semana. Geralmente lá pelas quatro horas, elas vêm cheirosinhas, apetitosas. A massa é uma delícia. Desmancham na boca. Com o tempo, incorporei as deliciosas empadinhas ao lanche da tarde. A de frango é a minha preferida. Tem outros sabores como queijo, espinafre, camarão. Nos primeiros meses ele vinha todo envergonhado com seu enorme cesto. Aos poucos foi ganhando confiança.

Esta semana ele colocou um auxiliar e estabeleceu os dias de venda, com isso, a clientela está certa de contar com suas deliciosas guloseimas.

A mais recente cliente, e a que tem me feito correr para contar as moedas e ir voando para o portão para assegurar as deliciosas empadinhas de frango é a cachorra, Dodô. Ela não pode ouvir: “Empadinha”, senta-se em frente ao portão e começa a choramingar como criança pedindo doce. Abana o rabo, começa a se lamber, coloca a língua para fora até que seu desejo seja satisfeito.

Me farto de rir, pois quando chega “pizza” ela late para o entregador, e não faz festa. É só com a empadinha.

- Empadinha... Quentinha, quem vai querer?

O rapaz das empadas já sabe o sabor preferido por Dodô, já coloca na frente uma empadinha de frango, na hora da entrega. E só vai embora depois de assistir ao espetáculo. Dodô aprecia a guloseima, deliciando-se e lambendo até os farelos, segurando com cuidado meticuloso, com uma das patas a forminha de papel, para que seu precioso apetite não encontre o gosto do chão sujo.

O veterinário certamente irá condenar os gostos desta cachorra. Prefiro não comentar nada com ele, e vê-la feliz. Até tentei agir corretamente quanto à alimentação da cachorra, comprei em um “pet shop” umas imitações de osso feitas de couro bovino. Espalhei pelo quintal e no dia seguinte ainda os encontrei por lá. Até tentei, mas ela corre ao ouvir a voz do rapaz gritando:

- Empadinha, quentinha, quem vai querer?