Voz,Luz e Alucinação.

De acordo com a terminologia psiquiátrica isso define-se como "psicose" ; pessoas como Eu, são então consideradas psicóticas,o individuo que é perturbado mentalmente por alucinações e delírios,pois venho a compartilhar uma experiência irreal para as pessoas normais.

Pois bem,sempre sofri de alucinações auditivas,sempre me conformei como escravo desse mau, acreditava que todos escutavam a mesma coisa que eu, por inúmeras vezes essas vozes me guiavam sobre qual caminho a tomar,qual atitude mais inteligente a ser praticada. E essa constância me tornava a achar tudo isso absolutamente normal,eu nunca me perguntei se estava errado ou certo,eu apenas obedecia sem questionar. Por muitas vezes fui despertado no meio da noite para ir abastecer o carro,limpar os sapatos,me certificar que as janelas estavam trancadas,ter certeza que a hora do meu celular estava de acordo com o horário nacional,e até mesmo trocar de roupa várias vezes durante a noite; vozes chiadas como: "a janela do seu quarto esta aberta,essa sua roupa não é digna de uma noite de sono,seu horário esta atrasado você vai perder a hora..."

Em um domingo meus familiares decidem fazer um almoço comemorativo ao nascimento de mais um novo membro da família,no meio do almoço me foi servido um copo com suco natural,eu aceitei,pois já me era um costume comer acompanhado de alguma bebida,estava tudo ocorrendo perfeitamente bem,meu tio sempre contando as suas piadas que ninguém se dava ao luxo de rir,meus pais ao lado de minha avó conversavam alegremente,meus primos com menos idade divertiam-se no piso com seus brinquedos,Eu era sempre o mais quieto,o menos sociável,levava comigo um expressão de medo em minha face. Estava achando aquele almoço agradável,até que todos terminamos nossos pratos e eu me preparava para tomar o meu suco,que me foi oferecido anteriormente,então meu pai teve a idéia de que deveríamos brindar o nascimento de um novo integrante da família,então todos brindamos e todos levaram seus copos á boca,todos,menos eu,naquela hora me veio um chiado na cabeça seguido de uma voz pacata me dizendo: "Hei...Bruno você conhece o preparo dessa bebida? já se perguntou se alguém aqui não gosta de você?" eu logo me vi perturbado e sem saber o que pensar,então respondi internamente a dúvida a mim enviada:" impossível todos aqui são familiares, e ninguém quer o meu mal."

A voz continuava a atacar-me: "não é bem assim,lembresse que você é diferente, e todos aqui sabem disso"

Eu me defendia: tenho consciência que sou diferente mais não ao ponto de alguém me desejar o mal

E a voz não cessava:" tudo bem depois não diga que eu não lhe avisei"

Eu retrucava: vá para o inferno voz maldita,cale-se,saia da minha mente,me deixe em paz.

E da mesma forma que chegou sem deixar evidências a voz cessou-se,quando me dei por percebido todos na mesa estavam com olhares dirigido á mim,com uma expressão de surpresos e assustados,a minha avó logo questionou-me :

--Bruno com quem você esta falando?

e logo meu primo que estava sentado no piso,largou seus brinquedos e gritou: "mamãe,mamãe...ele esta louco,veja como ele bate na cabeça e fala sozinho."

Isso já era esperado por mim,mais desconhecido para todos ali presente,e eu estava sem saber o que dizer e como agir,pois não estava conversando comigo apenas,estava falando para que todos ouvissem meu delírio e me julgassem mal,mais o que fazer naquela hora? como me explicar? calei-me numa tentativa de não assustar mais ninguém ou piorar a situação,logo o meu tio percebendo meu constrangimento decidiu desviar a atenção de todos pedindo silêncio para mais uma piada,e o ar de minha loucura logo desaparecia daquela mesa,e a refeição tomou-se ao seu rumo normal, Eu só queria que aquele pesadelo acabasse logo,estava exausto e com medo de que acontecesse novamente,pois eu não tinha o mínimo controle sobre essas vozes,e para a minha alegria tudo ocorreu bem como eu queria,mas ninguém tinha esquecido o ocorrido,embora tentavam me mostrar que não estavam mais pensando naquilo,mais eu podia perceber a maneira como me olhavam,uma tipo de expressão desconfiada.

Voltei para casa acompanhado de meu pais que preferiram não comentar sobre o assunto,pelo menos não na minha frente.todo esse ocorrido já era sabido por mim,mais nunca ninguém soube disso,e agora meu segredo estava revelado,todos sabiam de sua existência e eu me via sem saber como explicar.mais que culpa é tenho, se eu sou um ser que alucina?

Bruno De Jesus Lima
Enviado por Bruno De Jesus Lima em 01/11/2009
Código do texto: T1899821
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