O SUICIDIO DE DONA MARY
Quero neste pequeno relato,resumir uma linda mas reflexiva história real. Cujo término pode parecer ,numa primeira impressão, a solução mais acertada;a melhor decisão a ser tomada, pela principal personagem dela. Como sempre faço, mudarei os nomes dos personagens; mesmo que o principal já esteja fora deste plano há um bom tempo. Jota Lopes,é um médico que goza de um altíssimo conceito entre seus pacientes e amigos. Ao ser chamado por Dona Mary, ficou surpreso pela insistência dela e por a referida senhora ter exigido sua presença naquele fim de semana. Havia conquistado o carinho de Mary, logo após ter feito uma cirurgia de rotula no joelho direito com muito sucesso; principalmente pelo fator de alto risco que acompanhava o histórico de Dona Mary. Ao chegar na residência da paciente,Jota Lopes, foi recebido pelos filhos, que lhe puseram à par dos últimos acontecimentos e com detalhes contaram que Dona Mary havia tido uma experiência de quase morte EQM. Estava muito agitada e queria falar apenas com ele e mais ninguém. Jota Lopes é um médico com tendências espíritas e sabe que na vida terrena isso é sempre uma grande possibilidade. Conforme foi ouvindo os relatos, seu sorriso ia se fazendo presente, tanto que pediu licença aos filhos e entrou no quarto de Dona Mary; que se encontrava sentada no leito e resmungava palavras inteligíveis, mas ao vê-lo entrar parou, olhou firme em seus olhos e disse:
- Bom dia,meu querido Jota!... Aquela turma de fofoqueiros já deve ter te informado o que aconteceu comigo após a injeção anestésica que tomei para operar uma pequena pedra na vesícula. Eles só não tem idéia do porque fiz questão de tua presença aqui para conversar comigo. Estou possessa de raiva ,porque eles : os teus colegas, me trouxeram de volta. Já vivi a minha vida na plenitude, já fiz minha parte e quando vi aquela luz e meu falecido marido junto à meus pais me recebendo no outro plano ,os idiotas me trouxeram de volta contra a minha vontade...pode isso?
- Bom dia minha querida!...Pois é, mas se eu fosse um dos médicos teria feito o mesmo , respondeu.
Conversaram um bom tempo e ela com lágrimas nos olhos, repetia a todo instante que não podiam ter feito isso com ela. Que estava velha e que não queria ser um estorvo a ninguém.
Jota, despediu-se dela , de todos e voltou a seus afazeres, pensado no que havia ocorrido.
Alguns dias depois toca seu celular e ao olhar o número de identificação, nota ,para sua surpresa , que o mesmo é de Dona Mary. Atende e só ouve som de ambiente, não respondem no outro lado. Insiste em perguntar ,mas quem ligou não quer falar. A ligação repete-se por outras vezes, e a voz não dá sinais de responder. Até que finalmente, algum tempo depois, houve a voz de um dos filhos de Mary ,chorando e comunicando o suicídio cometido por ela na noite anterior.
Mary, havia deixado uma carta, em que explicava sua atitude, e nessa carta relatava que ligara para alguns grandes amigos ,só para poder ouvir as suas vozes, pela ultima vez. E que iría terminar, com aquilo que seria inevitável com o passar do tempo.
Jota, comentou com o filho que, por não entender os desígnios de Deus, Mary havia cometido o maior erro de sua existência,pois ao ter praticado tão grave crime contra si própria, não seria possível conseguir o perdão divino. Agindo dessa maneira o suicídio é a suprema covardia, cujo castigo será o afastamento no lado espiritual de todos aqueles a quem amamos .
Só Deus é Senhor da Vida e da Morte, mais ninguém!