MINHA VIDA (PARTE VI)
“O REPÓRTER”
.......CONTINUAÇÃO
Na Via Leste, numa noite nebulenta, fui acionado para atender uma ocorrência de um veículo que havia caído no canteiro central da rodovia. Nele viajavam, o dono da Cadeia Metropolitana de Rádio, Silvio Sanzone, e um repórter esportivo da Jovem Pan, de nome Azevedo marques. Lá chegando, tomei todas as providências pertinentes à ocorrência e após o serviço de remoção do veículo, fomos até a lanchonete tomar um café e lá, no meio da conversa, o Azevedo, pôs a mão no meu ombro e passou a me elogiar - que eu era desembaraçado, falava bem, era articulado, e coisa e tal..-, de repente virou-se para o Silvio, e sugeriu! Você não tem reporter policial, porque não convida o "Souzinha" para um teste? Foi então, que o silvio, virou-se para mim e fez o convite.
aceitei, e munido de uma carta (bilheite, do "dono" ), escrito no balção da lanchonete, me dirigi até a Cidade de Mogi das Cruzes, me apresentei ao Sr. Gerente, e em pouco tempo estava dentro de um estúdio para teste. os "céus", em adjuntório comigo, enviou o Anjo que me "guarda", que imediatamente interferiu nos assuntos, e o pessoal da Rádio, aplicou-me um teste simplesmente de locução. Como estva conduzido pelo "Anjo", abri o microfone e reproduzi a abertura do serviço de auto-falantes da minha cidade. "Sras. e Srs! meu cordial bom dia, no ar....! Acabei, sai, lembro-me que estava fardado(muito bem arrumado; era assim que eu andava, pois, era magrinho e feio, então, tinha que compensar essas "falhas" de Deus de alguma forma; o meu uniforme era realmente nota dez), surgiu um rapazinho sinpático e me conduziu até uma espécie de recepção. Pouco tempo depois fui chamado pelo "gerente", então, com uma fita K7 nas mãos me perguntou: "O senhor já trabalhou em outra emissora"? Não! Por que? Balançando a fita na mão, disse-me: "É que isto aqui, ficou muito bom". É mesmo! É, sim. A locução está quase perfeita e a abertura excelente". Quando o Sr. pode começar? Começo assim que me habilitar junto ao CPRv. e o que é isso? perguntou o homem! É o Comando de Policiamento Rodoviário, ao qual pertenço. a direção da Rádio tem que enviar um ofício ao "meu Coronel" me requisitando para a prestação de serviço público de informação radiofônica, e assim foi feito.
Por ocasião da definitiva contratação, isso é, confecção da credencial de reporter, surgiu um impasse, qual nome usaria, pois o "gerente" foi taxativo. O Sr. tem cinco dias para apresentar um nome a ser usado como reporter policial. Como assim? E o meu nome... esse nome não presta. Não prestaaa... Não! Nas "entradas" como é que vamos fazer? O seu nome de batismo não soa bem. Veja só! ... e agora diretamente da rodovia... o reporter Raimundo Santos de Souza; e ai raimundo... Não dá.
Foi assim que virei RAYSAN DE SOUZA - "REPORTER POLICIAL DA CADEIA METROPOLITANA DE RÁDIO".
Em 1985, por complicações administrativas (suspeita de suborno...), fui trabalhar na academia da Polícia Rodoviária e como não estava conseguindo voltar às pistas, procurei aquele meu amigo juiz, e mostrei os meus "papeis" de "doutor".
Imediatamente o escritório da sua esposa, que por sinal estava sendo ampliado, e recebendo o seu melhor aluno do Mackenzie, foi-me também franqueado e uma sociedade foi criada.
Voltei para o quartel cheio de alegria e muitos planos. Sentei-me à máquina e “bati” o meu pedido de exoneração. Encaminhei o “papel” e fiquei no aguardo, ansioso, da solução. Uns quarenta dias depois, foi publicado no Boletim Geral da Corporação, férias, pelo prazo de nove meses, tendo em vista que a polícia (o Estado) não pagava férias em dinheiro e, eu era detentor de três períodos de férias e mais duas Licença-prêmio çentinha três vencidas e mais dois períodos de licença-prêmio, totalizando os nove meses, e após esse período, fui transferido para a reserva não remunerada da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Durante o afastamento da polícia, fiquei estagiando no escritório, e montamos uma verdadeira equipe de trabalho, a Doutora, esposa do meu amigo, o seu aluni brilhante e eu.
Ela, como catedrática, continuou praticando a advocacia que já praticava anteriormente; O Doutor Silvio e eu nos atiramos em busca de novos clientes, e assim foi criada a carteira de cobrança que executava serviços para grandes empresas.
Em pouco tempo o escritório “explodiu”, cresceu de tal maneira que em menos de um ano, tivemos que mudar duas vezes de endereço. Começamos com as duas salas da “doutora”, e logo, logo, pulamos para quatro e a seguir para 12.
Finalmente, no mês de julho de 1986, foi publicado no Boletim Geral da Polícia Militar a minha exoneração, e desde então, figuro como reservista não remunerado.
A partir daquela data, pude então, sacramentar (homologar) o meu "exame de ordem" e tornar-me advogado.