Poeira no cérebro.
Ela chegou no começo da noite.
Sentou-se no meu sofá, retirou a mascara de celuloide que usa na cabeça, colocou em minhas mãos e me pediu para redesenhar as suas sobrancelhas.
Apesar do meu desconforto, passei hena que escorreu um pouco; rapidamente limpei.
A sua mascara é como uma enorme casca de ovo cor de pele, ao ser retirada deixa o seu cérebro a mostra.
Evitei olhá-la de frente, mas disfarcei o meu desconforto. Que coisa estranha é vê-la sem rosto!
Ela não pareceu se importar. Completamente à vontade, aproveitou que o seu cérebro estava exposto e me pediu para limpá-lo.
Apesar do nojo e medo, satisfiz o seu desejo. Com um cotonete retirei o pó acumulado nas suas válvulas e circuitos...
Acordei com o meu grito.