Micro conto sujo
Então a dona da pensão, um padre viado, marinheiro, que juntou dinheiro e comprou um prédio inteiro, colocou por baixo da porta do meu quarto um bilhete abusado de cobrança:
Favor pagar o aluguel do quarto antes que
eu seja obrigado a tomar as medidas legais.
Ass.: Pe. Marcos
Eu não estava atrasado. O aluguel venceu ontem, Sábado. Só não tive tempo de entregar o dinheiro que já estava comigo desde Sexta. Bicha filho da puta. Peguei o dinheiro enrolei na merda do bilhetinho e fui até o quarto da bicha divina. Bati forte. A bicha não respondeu. Gritei. A bicha desligou a luz.
- Tá com medo de quê viado, toma a porra do teu dinheiro e enfia esse bilhete no olho do teu cú.
- Pode por o bilhete e tudo por baixo da porta.
Disse a bicha com voz trêmula. Sou um homem grande com cara de mal, ela deve ter se borrado toda.
- Se voce quiser seu dinheiro vai ter que abrir a porta.
A luz do quarto do padre acendeu e a porta abriu lentamente. A bicha filha da puta colocou só a cara pra fora. Puxei a porta com força bruta esmagando seu pescoço entre a porta e o portal. Ela gritou algo estrangulado que não entendi.
- Escuta aqui viado de merda. Pega essa porra de bilhete enfia no teu anus. Nunca mais me cobre desta maneira indelicada. Eu sou um homem sensível, fico logo ofendido e quando isso acontece sou capaz das piores barbaridades.
Disse isso enfiando o bilhete com o dinheiro na boca da bicha sufocada. Soltei e ela ficou caída chorando no chão sujo da merda desta pensão horrorosa. Dei as costas, acendi um cigarro e com voz calma disse:
- Boa noite Senhor Padre.
No outro dia, ao sair para o trabalho, encontrei a bichona velha varrendo a portaria do prédio com um lenço enrolado no pescoço. Passei e ela, sorrindo, me ofereceu uma xícara de café. Bicha safada.