A invasão dos ratos chineses - VI
Na tarde daquela terça-feira, dois dias após a minha conversa com Ken e de ter avistado o primeiro rato, um quartel do exército explodiu misteriosamente no Rio de Janeiro. A devastação foi sentida num raio de dois quilômetros, causando muitas baixas de militares e civis. Estimou-se em 10 mil pessoas mortas e não havia estimativa oficial de feridos, cogitando-se em algo aproximado a 50 mil. Com isso, o país parava definitivamente, em luto e em desespero, sem que ninguém aventasse oficialmente sobre alguma razão para o atentado, embora todos cogitassem sobre os possíveis autores.
Estávamos reunidos em nosso então quartel general improvisado, ou seja, na Zimmer, quando ocorreu o trágico acontecimento. Tivemos que interromper o nosso trabalho com os mapas e acho que ficamos umas boas seis horas aguardando mais notícias, boquiabertos e sem palavras diante dos fatos.
– Agora precisamos nos preparar para o pior. – Declarou Jerusi quando começava a anoitecer.
– Não consigo pensar em nada! Estamos de mãos amarradas! – Ivinsky deixou escapar, fazendo-nos perceber a sua fisionomia abatida.
– Acho difícil fazer qualquer coisa mesmo, pois nunca vimos o nosso país sofrer um único atentado. E os ratos? Nunca se ouviu, na história do mundo, que um bilhão de ratos surgissem do nada! – Moni Gozáles considerou.
– Olha, acho que devemos continuar fazendo exatamente o que já começamos a fazer... – Karen Círculo pontuou.
E, pelo fato de que não saíamos do lugar, Karen estava absolutamente certa. E no decorrer daquela noite descobrimos que, para entender o fluxo de ratos, precisaríamos visitar uns 300 pontos da cidade. Porém isso demandaria talvez mais do que uma semana, pois éramos poucos.
– Precisamos de algum dispositivo que permita acompanhar os ratos sem a nossa presença. – Moni sugeriu.
E Ivinsky, olhos brilhando, manifestou-se de repente, como se tivesse encontrado a solução para todos os problemas:
– Não conheço um dispositivo ou máquina que nos auxilie nessa tarefa, mas sei quem conhece!
– Quem?
– Gus Scheffa.