O que habita em mim...

O meu ser não dá conta das brisas e vultos que habitam o corredor da minha alma. Este espaço que ora parece tão iluminado, ora tão sinistro, cinzento e empoeirado. Um lugar que não conheço, mas que me pertence por inteira. Algumas vezes ouço passos, outras, ouço vozes. São as criaturas do meu pensamento mostrando-me a face.

Essa face de mim mesma que é tão doce, tão virtuosa, testemunha do bem e que ao mesmo tempo se esconde, se envergonha e interfere na minha realidade. É o rosto daquilo que é forte, incontrolável, instintivo. Criatura que duvida, que enxerga, que debocha.

Clamo por asas, quero toda a bondade, toda honestidade e liberdade de viver e ser feliz, mas me deparo com um penhasco inseguro, distante e belo, que me amedronta, que me fascina.

Vêm até mim criatura de mim mesmo, que me testa, me tenta, me provoca e me leva para o teu castelo. Satisfaça então, todos os meus desejos, faça de mim algo que já não sou, me envolve em teus trapos, me queima no teu fogo e crava meu coração de promessas.

Vêm criatura divina, com tua delicadeza, me tira do mar e da minha profundeza, me toma num sonho, me faz esquecer o breu e que eu possa ser novamente, eu.

É essa guerra que bifurca meus caminhos, me faz escolher a companhia. Campo de guerra infindável, que trava lutas constantes, que me ensina a viver, sentir, chorar, sorrir e amar, e me torna humana a cada dia. Esse anjo e demônio que habitam o corredor da minha alma...

Giovana Rossa
Enviado por Giovana Rossa em 02/09/2009
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