A VACA VITÓRIA
Romeu Prisco
Vitória era um belo exemplar da sua espécie. Jovem, viçosa, de boa constituição e excelente linhagem, mas, portadora de um defeito físico congênito. Sua teta ficara atrofiada e não desenvolvera. No lugar daquela glândula, mal se viam os mamilos. A anomalia deixava Vitória complexada, diante da exuberância das outras vacas, principalmente da sua mãe, a campeã do rebanho.
Como não havia tratamento que a livrasse do grave problema, Vitória estava não só impedida de produzir leite, como também de reproduzir. A pobre vaca chegou a ser levada a uma curandeira, que a submeteu a um longo e cansativo ritual de benzedura, sem nenhum resultado prático. Os touros passavam ao largo do seu estábulo. As demais vacas a olhavam com desdém. Seu dono estava propenso a sacrificá-la, para destinar a carne ao frigorífico local.
Quando tudo parecia perdido para Vitória, eis que surgiu, na sua fazenda de criação, uma equipe de inspeção e aplicação de vacina em rebanhos bovinos, comandada por uma médica veterinária. Condoída com a situação da vaca Vitória, a médica passou a examiná-la atentamente, até que vislumbrou uma solução para o caso. O proprietário, que nada mais tinha a perder, concordou com a proposta. Consumada a idéia da doutora, Vitória acabou se recuperando totalmente.
Hoje, coberta de felicidade, está produzindo uma quantidade de leite, digna de causar inveja às melhores vacas do rebanho. Vários reprodutores começaram a rondar o seu estábulo e alguns bezerros até se atrevem a fazer boca na sua avantajada teta. O fazendeiro já recusou ofertas para vendê-la, porque pretende exibi-la em exposições nacionais e internacionais de gado leiteiro. Há quem pense, inclusive, em atribuir à Vitória um apelido de impacto, tipo "a leiticeira", para divulgar a sua imagem pela televisão.
Tudo graças a um implante de silicone, efetuado com sucesso pela médica veterinária, também especializada em cirurgia plástica de animais, Dra. Diva Pitanga.