VISÂO

Não parecia ser uma ilusão, ou inconsciência. Na verdade era muito real a minha vista, como se a escuridão procurasse a luz, e se entrelaçassem, nas virações do tempo.

E a visão me veio, como se os primeiros dias tivessem se acabado,

sinceramente não havia dia, apenas uma nevoa cobria-me os olhos e preenchia-os com pequenas lacunas de imagens que sobressaltava ao meu redor.

Eu não sabia onde eu estava ou o que seria este lugar, como também não cabia a mim desvendar-lo, mas a sombra em meio ao escuro cobriu-me o sentido, e no silêncio do vazio passei a escutar murmúrios, ecos de medo, que passeava na imensidão do vácuo. O ar podre e seco engasgava-me a garganta fazendo com que meu peito repudiasse tosses cortantes numa repetência que se fazia escutar ao longe, onde os mistérios mais temerosos se escondiam.

Atrevi-me a andar entre a imensidão do nada, na certeza de encontrar algo familiar, logo em meio às passadas, uma voz sombria, cantarolou em meus ouvidos, sussurros que eram como segredos, pois eu não as entendia, então uma bola de fogo de chama ardente saída do céu começou aproximar-me a direção, em seu diâmetro interno parecia haver um olho sem pálpebras fixando seu olhar em mim...

a noite e a luz que entrelaçados não erguiam sua predominância foram rompidas pelo clarão, a ponto de fazer-me enxergar o imenso lugar inóspito onde o qual me encontrava. Nesse momento percebi que me concentrava em um lugar bem alto como uma colina, e assim pude enxergar não muito nítido, mas que a cada passo a direção a frente , descamava-me os olhos.

E pude vê-la tomar forma.

- Sim!

Uma fileira enorme, que se movimentava em um só sentido. A secura do saber sobreveio-me, e tomei como obrigação o interesse de saber ate aonde iria o que estava indo naquele sentido. No fim do meu percurso, não muito longo, notei também o fim da fileira, desci do ponto alto para aproximar-me, ao chegar logo percebi algo estranho e em meu peito o coração a acelerar, senti um frio sepulcro. Foi à descoberta que me perturbou o sentido; e descrente soltei dos lábios:

- são corpos...

Vir os corpos enfileirados traçando uma linha imensa e um a um num certo ponto desapareciam, meus olhos desacreditados não se permitia a compreensão, tentei chegar perto para saber o que acontecia, e dirigir-me a esses seres, mas nenhuma palavra mesmo que breve escutei deles e ao aproximar do lugar onde estes sumiam, percebi que eles simplesmente não desapareciam do nada, na verdade elas caiam em um precipício afogando-se em um mar de gente, que murmurava, agonizava com os corpos rastejando entre outros corpos querendo subir de volta em um precipício que cada vez mais os arrastavam para baixo e eu a olhar-los no rosto, parecia sentir que toda a felicidade do mundo tivesse acabado e o sofrimento eterno predominasse a mim e aos caídos.

Então a mesma voz voltou a me falar, e eu meio que inconsciente como que estivesse perdendo todos os sentidos, no último som pude escutar as ultimas palavras,

E estas foram compreendidas, e dizia:

- nem toda a alma é eterna, destes se propagarão o esquecimento, destituído da eternidade serão banidos, pois aqui estar escrito, os que não obedecerem à palavra terás mesmo fim.

SÉRGIO CARVALHO
Enviado por SÉRGIO CARVALHO em 25/08/2009
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