A vontade de João
João está confuso e perplexo, pois descobre que sua vontade não existe, o que é ainda pior, ele jamais saberá qual é sua verdadeira vontade de fato. Pois, sua vontade é fruto de algo superior a sua existência terráquea e mortal. A vontade de João não é pura - no sentido de ser a primeira vontade a existir - já que a vontade dos seres humanos é produzida no plano extraterrestre, sendo algo que ultrapassa nível de existência humana.
E João, com toda sua erudição e conhecimento, parece tolo, pois jamais, jamais saberá qual é a sua aspiração de fato. Uma vez que, o que ele deseja é um subproduto de vontades de alto grau de sublimação que a dele, sendo determinada violentamente por essas vontades. João pergunta-se: o que sou? E ele mesmo responde: “sou intensamente essas vontades e nunca inventarei um modo único de existência”.
E no meio disso tudo, João cobiça apenas saber qual é a sua legitima vontade para que pudesse estar acima do bem e do mal, pairando como nuvens no universo de escolhas que ele intencionaria desconhecer. Como se não bastasse tudo o que foi dito acima, João, além de tolo é um coitado, pois, nem com toda sua sabedoria e instrução poderá livrar-se das vontades que formam as vontades dele. Tendo ele que eleger a vontade que irá satisfazer.
João ambiciona se libertar dessas vontades que o aprisionam e o amarguram, e o faz sentir-se culpado, contudo, ele está ainda cativo e encarcerado a uma dessas vontades por toda a eternidade, seja para o bem ou para o mal. Isso acarreta em nunca saber quem é João genuinamente, já que ele vive nas sombras, e esta imerso até o goela de vontades que ele intencionaria ignorar e extinguir para sempre. Contudo, o que João ainda aspira saber, mas, jamais saberá, encontra-se exclusivamente no interior de sua verdadeira e puríssima vontade.