O sequestro

Na escuridão os passos ecoavam assutadores. Um espécie de neblina se formava ao fundo do salão onde mais cedo acontecera a festa.

Os sapatos escuros tilintavam quebrando o silêncio. Algumas fitas de papel prendiam-se sob o salto do calçado.

Junto á neblina, ao fundo, amontoadas, cadeiras viradas sobre as mesas, e banquinhos de madeira.

O vulto passou pelo amontodado de mesas e abriu uma porta pesada de madeira.

Um ar quente lhe beijou as faces.

Ligou a lanterna e atravessou esta outra sala até bater

em outra porta. tirou um molho de chaves do bolso e a abriu.

-- hummm hummm hummm.... ouviu antes de apertar o interruptor..

No canto, junto a parede de um quarto pequeno, dois olhos esbugalhados, acima da mordaça, olhavam para a figura demonstrando todo seu horror...

---- Vamos ver! voce foi um bom menino! não fez barulho algum! isso é bom! muito bom! Já imaginou se alguém te encontra aqui?! --- chachoalhando a cabeça... --- não seria bom...nem para voce nem para os pessoal lá fora. A gente teríamos que fazer algo que não gostaríamos... Agora precisamos saber se ele ainda vai questionar nossa intenções, depois de receber seu dedo indicador...tudo vai ficar bem...é só um dedo...o presidente também não tem um ....heheheh...

o homem começou a dar círculos no pequeno e frio quarto...

---- Teu pai é homi de sorti...nóis só qué dinheiro...podi fazé qualquer coisa com ocê...mas o doutor mandou apenas pegar o dinheiro...profissionalismo disse ele...bem, se fosse por mim...já sabe né?

O corpo enrolado em uma lona preta gemeu e se agitou em cima do colchão no chão...a mordaça apertada dificultava até a respiração...

---- ocê pára quieto...só fim lhe dar um gole dágua...ocê não ia morrer com um dedo cortado, mas podi morrer de sede, disse o doutor...intão bebe e vê se fica quieto nessa porra!! Eu vou tirá a murdaça, mas se oce falá um aí só...eu te sangro aqui mesmo...e digo que oce tentou fugir...e talvez antes de te sangrar com a faca eu faça o que o doutor não quer...acho que ele é um boiola igual oce...mas que tú tem corpinho de menina, isso tem...dá uma vontade...

O homenzarrão se agachou sobre o corpo do rapaz e tirou a mordaça...

Mal tirou a mordaça enfiou uma garrafa de água na boca do refém...

O garoto bebeu sofregamente, aos borbotões, a água fria que era derramada pela sua gargante abaixo..

---- Isso, isso...bebe, bezerrinho...hehehe...cuidado, pode se afogar...devagar...isso...assim...calma...

Mal viu o garoto tinha bebido tornou a colocar a mordaça neste e verificou as amarras sob a lona preta plástica.

Agora vou te cobrir de novo, e já sabe, nada de fica fazendo barulho. Se eu tiver de voltar aqui, vou estufar essa tua bundinha branca...menininha!...heheheh...

O homem tornou a jogara lona preta, cobrindo o rapaz. Naquele quarto de despensa, onde tinha várias caixas de papelão e sacos plásticos, aquele seria apenas mais um saco. O garoto, de dentro do saco plástico, não poderia saber se quem aparecia ali eram seus sequestradores ou não...

Quando arrancaram o dedo, o Doutor falou que o pai do garoto ia depositar rapidinho, mas já fazia dois dias...e o homem não podia ir e vir todo dia...entrar ali era perigoso...conseguira uma cópia da chave com seu primo que era o porteiro do hotel e nem desconfiara. Pois ás vezes servia o depósito do hotel como guarda do pó que os amigos do primo guardavam, e ele ia lá pegar para os camaradas.

Então, ao se aproximar do salão de café do hotel, pela mesma sala onde viera, viu alguém se aproximar.

Seu sangue Gelou. encostou-se na parede. Ficou no escuro. Quieto

O hóspede do hotel foi até a mesa de café. Serviu-se e virou as costas para o sequestrador.

Este tirou a faca com todo cuidado, para não fazer barulho.

O hóspede passaria perto dele ao ir pegar os pães. Teria que ser um golpe só. Rápido e certeiro. Merda. Isso faria mudar tudo..